domingo, 14 de março de 2010

UM BONITO CARDO, PRONTO A PICAR



UM BONITO CARDO, PRONTO A PICAR, MAS COMESTÍVEL


Vou tentar apanhar um bonito cardo, numa bonita foto, e explicar-vos o que de bom minha avó fazia, de um lindo cardo, bem tenrinho, repenicado, bem pronto a picar, pois é uma planta muito agressiva, precisamente por ter muitos espinhos.


Os cardos, existem de muitas espécies, no entanto à uma espécie que não sei o nome, mas que é comestível, lembro ainda num dia passando com a avó pelo terreno de vinha ela elogiou um grande cardo que crescia viçoso, bem tratado, pois estava a crescer num terreno cultivado, embora seja uma planta selvagem.


Eu fiquei admirada por a minha avó dizer que era bom para comer, como se aquela planta estava a crescer cheia de espinhos, dai a pouco estaria grande, enorme, com flores bem amarelas, que até eram lindíssimas, como se poderia comer uma planta daquelas que, no fim de crescer tudo o que poderia crescer, se o deixassem, seria até difícil qualquer pessoa adulta corta-lo.


O pé engrossava que ficava muito forte, aquelas folhas que se poderiam ver ali mimosas, apesar dos seus espinhos já bem visíveis, onde já se teria de ter muito cuidado, para o poder arrancar, contudo a avó prometeu fazer-me um dia uma surpresa, uma refeição com cardos.


Se bem o disse, melhor o fez, apanhou aquele mesmo cardo bonito, levou-o para casa, chamou-me para a ajudar, tratar, arranjar, aprender, a fazer a comida com os cardos.


A preparação dos cardos era o que merecia mais cuidados, mais perícia para não nos picar, já cortado pela raiz, e de onde nasciam todas as folhas que continha, não tendo ainda a haste que lhe daria o crescimento, a planta era ainda apenas folhas, e folhas soltas também já sem raiz.


A minha avó pegava no caule ou no pé das folhas, uma por uma, começava por pressionar de arrepio até ao fim da folha, arrastando assim tudo o que era folha verde, até cair no chão, ficava na sua mão, apenas o caule do que tinha sido, as folhas verdes, mimosas, e repletas de espinhos toda a volta.


Uma a uma em trabalho repetido, restava no final, uma mão cheia de caules de cardos, e o mais engraçado é que chegava a haver pessoas, que procuravam no mercado para cozinhar, mas aqueles sim era para cozinhar em casa.


A avó lavou-os e cortou assim com uma faca, miudinho a mão cheia logo de uma vez, para dentro de uma tigela de barro, fez um refogado num tacho, colocou água, os talos dos cardos, e depois arroz, fez assim um arroz de cardos, que seria bom para acompanhar qualquer coisa, fosse carne ou peixe.


Poderia ser ainda colocado nesse arroz, um pouco de feijão seco cozido, daria mais consistência ao cozinhado, ficaria mais rico e mudaria também completamente o seu gosto para o feijão, coisa que talvez não seja aconselhável, para quem procura conhecer apenas o dos cardos.


Ficaram assim com uma dica, experimentem fazer, se encontrarem um lindo cardo, com lindas folhas, acompanhem com o que mais gostarem, eu se conseguir encontra-los, irei fazer brevemente, para relembrar aqueles dias felizes da minha meninice.


Hoje por mais que procurasse, os cardos já não são bonitos como no tempo da minha avó, nem os da nossa vinha, mas fica aqui uma folhas dos mesmos exemplares.


LÍDIA FRADE


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