quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A MINHA BONECA





Aminha boneca
Que eu fiz de trapos,
Não ficou careca
Nem faltou sapatos.
Com braços de bunho
De pano cru, o corpo,
Filha do meu sonho
Ficou-lhe um pé torto.
Olhos de botão
Perlé na boca
Dei meu caração
A coisa tão pouca.
Fiz saia godés
E blusa de chita
Laços em viés
que bem, que lhe fica.
Suave lembrança
Boneca e princesa
Foi tempo de esperança
De menina, pobreza.

A autora LÍDIA FRADE

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

TUDO ISTO É RIBATEJO



SANTARÉM, PORTAS DO SOL, VISTA NORTE DO TEJO

                                                  
TUDO ISTO É RIBATEJO

Em manhã de primavera
Meu Ribatejo a florir,
És lindo jardim em festa
Que desperta o meu sentir.

Que quadro lindo sem par
Passeando à beira Tejo
Cavalos a galopar
Em liberdade que invejo.

Lezírias touros e fados
Nunca se vão separar
Cavaleiros e campinos
Forcados a acompanhar.

Com teu trage bem garrido
No teu vestir a rigor
Ao touro tu dás castigo
Ao cavaleiro o valor.

Ribatejo é valentia
Com calor de praça cheia
E vibra com mais alegria
Quando algum filho toureia.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

RECORDAÇÕES



RECORDAÇÕES

Recordo os pássaros
chilreando nos salgueiros
e o vibrante cantar das rãs
na corrente lenta dos rigueiros,
e chapinhar descalça, livremente
na água limpida da rega
que corria docemente.

Recordo

A musica suave, tocada pelas brisas
nas folas das caneiras
e o brincar às casinhas
sob a grande copa das nespereiras,

Recordo ainda,
quando subia a cada árvore
ofegante de ansiedade
escalando o ramo mais alto
e sentir total liberdade,

Apanhar a fruta fresca,
que mais me fosse de agrado
comê-la ali, reluzente e sumarenta.
Que prazer, só hoje valorizado.

A autora Lídia Frade

CAVADOR QUE ME DEU VIDA








CAVADOR QUE ME DEU VIDA   

Uma vida que passou
hoje é lembrada
por estas letras
que ele não sabia ler.
Elas são a homenagem
a uma geração passada
que me criou
e que eu amo a valer.
Ao sol ardente
puxando pela enxada,
faziam coro
numa cantada lenta.
O cavador
fazia a sua toada
cortava a terra
e a deixava desfeita,
pelas encostas
o seu eco se ouvia
na raiva surda
de uma vida tão amarga...
Vales profundos...
sua força se perdia
pelo pão da vida
e pelos seus que tanto amava.
O suor que lhe correu
secou seu rosto,
rugas profundas
na terra ele rasgou,
amor de filho
à mãe que, com tanto gosto..
À terra mãe
que na morte o embalou.

A Autora LÍDIA FRADE

Arte



Arte

Está na ponta de um pincel
que desliza sobre a tela,
ou no sentir, nosso e dele:

Óleo, carvão, aguarela,
no ponteiro e no martelo
de um pedreiro, ou de um escultor
ou no tornear singelo
do ferro, tudo tem o seu valor.

ARTE

São cores a misturar,
tintas, linhas, até flores,
sensibilidades a mostrar
trabalhos feitos de amor
no falar, ou no dizer
no cantar, ou no escrever

O importante é amar
Tudo o que se vai fazer.

Poema e Pintura de Lídia Frade

DE VESTIDO LARANJA


DE VESTIDO LARANJA

Era o fim de uma tarde
Naquele fim de verão
Daquelas que aquecem
A água da maré
Na hora da maré cheia

Um olhar perdido
Um andar ausente,
Mas um corpo presente
Caminhava descalço
Cabelos ao vento

Um andar incerto
Um corpo presente
Com a alma ausente
Entre os dois um deserto

Com lágrimas rolando

Turvando o olhar
que se confundiam
Com salpicos de mar
E o vestido laranja

Tocando nos pés
Um modelo atrevido
Colado, enrolado,
Molhado, nas marés,
Os seus pés, sobre um monte

O seu corpo presente
De olhar, andar,
E, alma ausente,
Seu olhar no horizonte
No infinito

No azul do céu
No azul do mar
Misturado
Mergulhado,

Ali, ficou rezando,
Pedindo, implorando,

A proteção
Aos Deuses do mar,
Á energia solar,
Mas só pedia força
Para continuar,


E, seu vestido laranja
Colado, enrolado, molhado,
Nesse dia a findar
Tinha a mesma côr,
Do sol,
A mergulhar.


A Autora LÍDIA FRADE

PASSAGEM


PASSAGEM

É um jogo ou um engano?
A vida que vamos vivendo,
É passagem, é viagem
É encontro, desencontro
É desejo ou ambição
É amor conjugação
E concretização!

Mas em tempo limitado
Porque somos doação

Ao MUNDO
Por um tempo demarcado.

A Autora LÍDIA FRADE

SABOR DE AMOR...NASCEU AQUI ESTE ESPAÇO....11-2-2008


SABOR DE AMOR

Uma laranja volumosa
redonda, polida,porosa,
podemos fazê-la saltar
de mão em mão,
de tão redonda que é,
podemos mesmo fazer
com que rebole no chão,
Mas...
minha laranja é mais que isso,
porque
é suculenta
sumarenta
tão gostosa
e tão bela
que ao abri-la
me faz lembrar uma rosa,
gomo a gomo, pétala a pétala,
é tão doce e perfumada
que me mantém
deliciosamente ocupada,
a descascá-la
a despi-la,
pelinha a pelinha,
a abri-la, como se fora uma flor
a inalar o seu odor,
a sugar, sugando seu sumo
como se sugasse de beijos
alguém por amor.

LÍDIA FRADE