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sexta-feira, 8 de abril de 2011

PÃO DE MILHO COM AZEITE



FOTOS LÍDIA FRADE


O PÃO DE MILHO COM AZEITE
Fui na terça-feira, dia da minha folga, até às Tasquinhas de Rio Maior, já andava com desejos de comer alguma coisa diferente, da alimentação regular do dia-a-dia.
Começamos por pedir uma dose de ensopada de enguias, para comer-mos a dois, era isso que me apetecia comer, gosto muito de enguias e já avia alguns anos que não ia onde as pode-se comer, depois um segunda prato de ensopado de borrego.
Como entradas serviram-nos um queijo de ovelha muitíssimo bom, mas era Alentejano, lamentei que numa representação gastronómica Ribatejana, não estivessem queijos do Ribatejo que sei que existem bons a poucos kmetros de Rio Maior. Um cesto de pão, com três qualidades do dito, muito bem confecionado, pão caseiro, e cozido pelas senhoras da terra, nos fornos caseiros de lenha, uma maravilha.
Esses três tipos de pão eram: Pão caseiro de farinha de trigo, outro misto de farinha de trigo e milho, que também identifiquei por conhecer muito bem, cheguei a ajudar a minha mãe a fazer, a amassar, e cozer esse tipo de pão, quando era nova, que estava igualmente belíssimo, mas o ultimo sim, foi esse que me prendeu mais a atenção, e que não esperando encontra-lo ali, já tinha umas saudades imensas de o comer, estava uma maravilha, digo-vos que foi só do que comi com a refeição, e vou descrever este com todas as minhas lembranças de menina.
Escarapiadas, estavam ali no cesto do pão, cortados em pedacinhos, e tinham o mesmo gosto das que a minha avó, e também a minha mãe que, por vezes faziam. Quando elas coziam alguns pães de milho, faziam três versões dessa mesma massa do pão de milho, no fim de tender o pão, o que ao contrário do outro pão, dado a textura da massa, era tendido dentro de uma tigela de tender própria, com alguma farinha para ajudar a criar a forma de pão.
Depois retiravam um pedaço da massa que ficou, juntavam azeite e colocavam um pedacito, numa folha de couve, metiam no forno e assim cozia, quando saia, ainda um pouco quentinho era maravilhoso de comer, mais ainda, quando se retirava a folha da couve que lhe tinha servido de forma, ficava o pãozinho com todos os veios e nervuras definidos no lar, ou seja no lado de baixo do pão, era por isso que eu sempre pedia a minha mãe, para fazer com folhas de lombardas, por ser mais enrugadinha, dava uma forma mais bonita.
Tinham ainda outra versão, a mesma massa do azeite colocavam um pouco de erva-doce, ia a cozer também nas folhas, em forma de broas, era já um miminho com mais requinte para a pequenada, não tínhamos manteiga para pôr no pão, mas não fazia falta nenhuma.
Agora ainda vos conto que, estando eu a explicar como se fazia aquele pão, o rapaz que nos servia escutou, e ficou contente dizendo que eu tinha os conhecimentos, o que resultou em pedir-lhe para me arranjar dois pãezinhos para trazer para casa, acontece que arranjou mesmo.
As enguias estavam maravilhosas, com um molho aveludado e bem temperado, que dava gosto, e para mim que já estava a desejo, preencheu completamente as expectativas, veio uma dose de ensopado, para comer-mos a dois, era isso que me apetecia comer, gosto de enguias e já avia alguns anos que não ia onde as pode-se comer, depois um segunda prato de ensopado de borrego que, talvez porque já estávamos saciados com as enguias, já não nos fazia falta nenhuma, estava bom, mas se lá voltasse iria de novo para as enguias.
FOTOS E TEXTO DE LÍDIA FRADE

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CANTARES DE JANEIRAS


VAMOS CANTAR AS JANEIRAS


Ó crise que és a palavra
Mais dita do dicionário
Tu rasgas na vida a lavra,
Dum virtual, imaginário,


Nuns a crise é virtual
E caminha sobre rodas
Para outros, é mais real…
E pagam as favas todas.


Chegam as presidenciais
Com campanha antes do tempo,
Temos candidatos… a mais!
Todos querem….seu momento,


E seu momento no poleiro
Que mais fazem afinal???
Contam reformas por inteiro
E pouco servem Portugal.


DE LÍDIA FRADE


DIA DE REIS


6 de Janeiro


Dia 6 de janeiro é o Dia dos Reis Magos, festa cristã que celebra-se a visitação dos Magos do Oriente ao Menino Jesus, numa representação de que Cristo não veio apenas para os judeus, mas para todos os povos. A data também é chamada de Epifania (do grego, "aparição" ou "manifestação"), pois marca a primeira manifestação de Jesus aos não-judeus (gentios).
Os Três Reis Magos - Natal, Rio Grande do Norte.


Segundo o Evangelho de Mateus, alguns magos (termo usado na época para designar os sábios) do oriente seguiram uma estrela que lhes mostrou o caminho até Jesus Cristo. Chegaram primeiro a Jerusalém e foram ter com o rei Herodes, a quem perguntaram sobre o recém-nascido rei dos judeus.


Herodes consultou os especialistas das Escrituras, que lhes disseram que o Cristo nasceria em Belém da Judéia. Para lá Herodes enviou os magos, pedindo-os que passassem por Jerusalém na volta para informar-lhe a localização exata, a fim de que também pudesse adorar o bebê quando, na verdade, planejava matá-lo.


Em sonho, os magos foram avisados a não voltarem a Herodes.


Os magos prosseguiram em sua jornada, tendo a estrela do oriente à sua frente, até chegarem ao lugar em que Jesus estava.
Lá, adoraram-no e deram ouro, incenso e mirra, presentes carregados de simbolismo:
O ouro representa a realeza de Jesus


O incenso simboliza a fé (a fumaça do incenso queimado nos templos representa as orações subindo a Deus)
A mirra era usada no processo de mumificação no Egito; para alguns, isso e seu nome, que significa "amargo" em hebraico, remete ao sofrimento e morte que esperavam por Jesus; para outros, à imortalidade de Cristo.


A Bíblia não menciona quantos eram os magos; a tradição baseou-se no número de presentes para dizer que eram três, agregou-lhes o título de reis e deu-lhes os nomes de Melquior, Baltazar e Gaspar.


Vem dos presentes levados pelos reis magos o hábito de trocar presentes para celebrar o nascimento de Cristo. Embora os brasileiros o façam em 25 de dezembro, em vários países (principalmente europeus) a troca de presentes se dá em 6 de janeiro e o dia é feriado.


No Brasil, mantém-se em algumas cidades do interior a Festa de Reis, ou Folia de Reis, herdada dos portugueses. Os festejos são cheios de canções e incluem visitação às casas dos moradores, recordando a visita dos reis magos. Os foliões são recebidos com comidas e bebidas e saem das casas com doações para os necessitados.


É no Dia de Reis que se desmonta a decoração de Natal.
Fonte: diadefolga.com


POR LÍDIA FRADE

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

MEUS CONTOS DESCONTADOS, A TARTARUGA


A TARTARUGA


Já quase a amanhecer, a noite já tinha passado, o corpo já descansado, contudo, parece que no subconsciente, ainda do outro lado da passagem para o acordar, algo já estava a trabalhar, como um alerta que se escreve no caderno de notas, aquele era um alerta mostrado num sonho.


Um rio, com água límpida transparente, que corria cobrindo um leito com pedras e seixos, e de tão transparente se via, do esverdeado ao castanho dourado, das pedras e seixos cobertas por algas, com uma fauna e flora longe, de qualquer poluição.


A nadar no meio deste rio, no paraíso do meu sonho, andava eu! Mas pouco avançava, a água no rio corria, a uma velocidade que eu via, mas eu não ia na corrente, mais me sentia flutuar, do que nadar, contudo eu queria chegar até à margem, e não avançava, mas isso não me estava a preocupar, até que algo apareceu.


E neste descanso flutuante, olhando o fundo do rio, eis que de repente vejo passar a meu lado um bichinho, uma tartaruga pequena a meu lado, parecia quase insignificante!
E aquele pequeno bicho minúsculo comparando ao meu tamanho, ali ao pé de mim passava por mim a nadar, encaminhava-se para a margem, e conseguia-o mais rápido do que eu, ia conseguir chegar primeiro.


Achei que não podia ser, eu tinha de conseguir, pelo menos acompanhar aquela tartaruga! Eu, mais lenta que uma tartaruga!!! Como é que podia ser?
Esforcei-me, debati-me com a água, cansei-me enormemente, a tartaruga parecia lançar-me um desafio, ou pelo menos, eu assim o entendi, mas consegui acompanhar a tartaruga, e consegui chegar até á margem, no mesmo tempo que a tartaruga.


Acabou por ali, a minha aventura na madrugada, ao lado daquela tartaruga minúscula que, me desafiava numa corrida, ou a intenção seria outra?!
Acordei e recordei, a água do rio que corria cristalina, as lindas corres do leito do rio e, principalmente a tartaruga, que me fez parar e pensar.


É certo que um sonho!… É sempre um sonho!… mas poderemos transporta-lo para a realidade, tentar concretiza-lo, ou poderemos ainda interpreta-lo, ou relaciona-lo, com algo real ou já existente, da nossa vida.
Foi o que eu pensei ao acordar… Transportei a tartaruga, para a minha realidade acordada, e reconheci que… estou a caminhar a passos de tartaruga, tenho de me esforçar mais… já não consigo acompanhar uma lebre, é certo!
Mas passos de tartaruga é pouco para mim!!!


Lídia Frade

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

POEMAS DESCRITIVOS DO LOCAL DA FAZENDA ONDE VEIO A LUZ AO MUNDO



RECORDAÇÕES

Recordo os pássaros
Chilreando nos salgueiros
E o vibrante cantar das rãs
Na corrente lenta dos regueiros.
Chapinhar descalça, livremente
Na água límpida da rega
Que corria docemente.

RECORDO…

A música suave, tocada pela brisa
Na folha das caneiras
E de brincar às casinhas
Sob a grande copa das nespereiras

RECORDO…

Quando subia a cada arvore
Ofegante de ansiedade
Escalando o ramo mais alto
Sentir total liberdade.
Apanhar a fruta fresca
Que mais me fosse de agrado
Comê-la ali, reluzente e sumarenta
Que prazer… só hoje valorizado.


Poema do Livro "UMA PEDRA NO CHARCO Refugio" de Lidia Frade


PELO MEU OLHAR

Penetro o meu olhar
Na noite branca
Ou em camadas suspensas
De atmosferas nebulosas
Banhadas de luar

Presente em meu olhar
Uma casinha branquinha,
Baixinha
Entre montes abrigada
Entre nascentes, cantada.

Imagens filmadas
Lembranças guardadas
Rebuscadas
Pelo meu olhar,
E pela minha capacidade
De sonhar.

Acordo… abrindo os olhos
Ao dia que nasce,
Enquanto assim vai
Nascendo o sol,
Que na minha janela
Já sorri para mim!

E vejo o invisível
Através da distância,
A minha casinha
Branquinha, baixinha,

Entre montes abrigada
Entre nascentes, cantada
Recatada, encantada
E guardada,
Pela minha capacidade
De sonhar.

Poema do Livro "A FAZENDA ONDE VEIO A LUZ AO MUNDO" de Lídia Frade

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A ROUPA E A QUINTA-FEIRA DE ASCENÇÃO

CAPITULO 16

A ROUPA E A QUINTA-FEIRA DE ASCENÇÃO



Quando chegava a Quinta-feira de Ascensão era sempre um dia muito especial, dia de estrear roupa nova, e num ano Julieta comprou ao Sr. Madeira um fioco de xadrez para fazer umas saias pregueadas, que a mãe alinhavava, e punha ainda goma, nas pregas, para depois passar a ferro, e ficarem bem vincadas.

Era só para Dalila e Amália, que eram as mais velhas. Comprou um tecido de pique amarelo, e fez as blusas de cava, decote quadrado, e abotoadas nas costas, e finalizava o conjunto com meias de algodão. Ficaram lindas e vaidosas.
*
Dalila e os outros colegas de escola iam apanhar a espiga e iam às cerejas, isto na quinta do Sr. Cordeiro. Iam brincar com a filha do caseiro, sua colega de escola, e a mãe dela arranjava um lanche para todos que comiam no jardim.

Depois de uma tarde de brincadeira, os ramos da espiga que tinham apanhado - oh! - já nem sabiam onde tinham ficado, e era ao regressar a casa que apanhavam outro, pois voltar a casa sem ramo de espiga não fazia sentido, uma vez que tinham saído em passeio precisamente para apanharem a espiga.

QUINTA-FEIRA DE ASCENÇÃO

De fato novo vestida
Quase sempre a estrear
Eu ia procurar a espiga
E cerejas apanhar.
Deste dia, em tal beleza,
Lembranças passadas, eu guardo
Porém sem grande certeza
Pelo seu significado.
Depois foi tempo de encanto
E o manter da tradição
Em bailaricos no campo
Com música de acordeão.
Dizia a avó, com carinho,
Deste dia tão guardado
Nem pássaros iam ao ninho
Em respeito a Cristo amado.

A FESTA DO VALE DE SANTARÉM

O Vale de Santarém ficava a cerca de dez quilómetros da Ponte do Celeiro e era uma das poucas terras que na época fazia as suas festas de Verão.
Os tios vivendo na Atalaia, e pais de Alberto e Clarisse, estavam convidados pelos compadres, que lá viviam, a ir lá passar as Festas, e então, certamente com a insistência dos filhos, que gostavam de ter as primas nos dias de festas especiais, lá foram convidadas também Dalila e Amália.

Para elas foi uma grande aventura, Alberto foi buscá-las de carroça da Ponte do Celeiro para Atalaia, e depois seguiram com os tios todos para a festa. Quando lá chegados, foi questão só de arrumarem a carroça e o macho. Os quatro primos juntaram-se aos dois afilhados dos tios, eram a Ana e o Artur, e foram todos para a festa, a procissão estava a começar a ser organizada.

A PROCISSÃO

Havia andores lindos,
E cheios de flores,
Santos elevados,
Pendões, estandartes,
Músicos fardados,
De passo certo aprumados,
Na banda a tocar.
Fogaceiras bonitas
Vestidas de branco,
Tabuleiros de ofertas
E bem recheados,
Com toalhas de rendas,
Que pareciam mantos.
Uma linda Juíza,
Vestida de azul,
Com folhos, laços, e rendas,
Que ocupavam seus espaços.
Anjinhos, de tiaras e asas,
Um padre vestido de branco,
Em túnica bordada,
Que causava espanto.
E a festa de noite,
Que era cheia de encanto,
Luzes coloridas, em flores e arcos,
Dançavam aos pares,
Ao som de músicos, nos palcos.
E havia o leilão, da fogaça…
Na cabeça da moça,
Onde não se entendia bem,
Se a fogaça ou a moça…
Subiam o lance a favor do pregão.

Mais… as quinquilharias... a fazer o seu negócio, Dalila tinha levado umas moedas que a mãe lhe havia dado, com a recomendação de não perder ou estragar, mas elas não gastaram sem fazerem uma análise sobre onde deveriam gastar as moedas, e chegaram a uma conclusão.

Elas, estavam na festa, e estava a ser lindo, portanto Dalila e Amália resolveram de comum acordo comprar umas bonecas que já tinham visto, para levar às manas que tinham ficado em casa, elas eram mais pequeninas, iriam gostar de ter as bonecas, e elas queriam dar-lhes essa alegria, elas tinham sido bem recebidas ali, não lhes faltava nada, e estavam felizes. Pensavam nas outras.

As bonecas eram diversas, havia-as de várias matérias, umas caras demais para as poucas moedas que tinham, outras pequenitas, de papelão, com um vestido mal feito, sem bainhas nem nada, eram pintadas de um rosa a fingir a pele, cor forte demais, os pés pintados de preto como se fossem sapatos, assim como o cabelo, pintado no papelão, os olhos a boca, e uns braços e pernas, que não eram flexíveis.

Mas eram umas bonecas feiinhas, era verdade, mas umas bonecas como elas nunca tinham tido, que apenas conheciam as de trapos feitas por elas, ou pela avó, e então aquelas eram sempre diferentes, e eram a prenda delas.
A festa estava ainda muito movimentada mas os tios tinham de voltar a casa, o trabalho esperava-os, e regressou-se assim a Atalaia e depois à Ponte do Celeiro, deram as bonecas uma à Lisete, outra à Graciete, e a felicidade delas foi grande ao vê-las.

Mas foram, as bonecas, sol de pouca dura na vida delas, como disse a avó Joaquina, logo a seguir, e na verdade poucos dias mais viram o sol nascer. Quando um dia vinham Dalila e Amália a chegar da escola, diz-lhes a avó de chofre: ‘as bonecas já morreram’. Pois foi isso mesmo, como elas eram moldadas em papelão e cola, Lisete e Graciete, acharam que elas estavam sujas e foram dar-lhes banho.

Nada mais natural, entre crianças e bonecas, o pior era a matéria-prima da confecção, ao colocarem as bonecas na água, ficaram completamente desfeitas, e elas também, choravam agora. Dalila e Amália ficaram tristes, mas nada mais havia a fazer, apenas esquecerem, depois, tinham as de trapo que se podiam lavar e secar ao sol e estavam sempre iguais.
CONTINUA NO PROXIMO CAPITULO

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O MEU SABUGUEIRO






O MEU SABUGUEIRO


Meu companheiro
De flores mimosas
Chapéu de aguaceiro
Mais belo que rosas


De branco vestida,
A tua ramada
Belo véu de noiva
De cauda bordada


Mas se já maduros
Teus frutos criaste
Contas de rosário
Que a Deus enviaste


De negro vestido
Em luto tão puro
O meu sabugueiro
De fruto maduro


Amigo de outrora
Quando era criança
Perpetuo agora.
A sua lembrança




UMA DAS PLANTAS DA MINHA AVÓ




Era pois das plantas que ela tinha sempre o cuidado de preparar para os chás de família, tinha um grande sabugueiro mesmo junto da casa, colhia primeiro as suas flores cuidadosamente secas para guardar, dentro dos seus saquinhos de retalhos, depois mais tarde, quando das bagas já maduras eram também apanhadas e postas a secar após do que se guardava.




O chá deve ser feito com, um litro de água, com duas a cinco colheres de flores secas, é depurativo para a limpeza de todo o organismo.
Esta receita que se segue foi retirada do endereço mencionado.






http://bagasabugueiro.blogspot.com/2006/09/algumas-receitas.html

Bebida de Flores de Sabugueiro:





2 L de água500 g de açúcar.Sumo e raspa de um limãoFerva a água com o açúcar, deixe esfriar, coloque o sumo e as raspas de limão e as flores de sabugueiro.Deixe descansar por 24 h, coberto com um pano de linho ou algodão.Coloque em um vidro de 3 l de boca larga, ou um recipiente que possa ser hermeticamente fechado.Acrescente 1 l de vinho branco ou cidra e deixe descansar por duas semanas.Essa bebida mágica pode ser servida como suco, e inclusive misturada com frutas e água.












domingo, 21 de março de 2010

A PRIMAVERA, A PRIMAVERA, A PRIMAVERA



A FLOR DA FAVA NA MINHA HORTA DO QUINTAL!!!

A FLOR TO TOJO QUE DÁ LUZ E COR PELOS MONTES DE PORTUGAL!!!
AQUI UM EXEMPLAR NO PARQUE DAS NAÇÕES!!!


A Primavera chegou, não só no calendário, mas em muitas outras coisas que se podem olhar, ou sentir, aqui representada pelas flores de ameixeiras, lindissimas, contra um céu azul, ou pela flor de um simples tojo, bela no seu amarelo dourado, e nascidas de uma planta selvagem do mato, com toda a sua agressividade, ou ainda a flor de uma simples faveira, é destas flores que nascem as favas, para quem não conhece, está perdida entre as ervas daninhas, em terras do Ribatejo, ali, no quintal da vó Jú.
Ainda uma simples quadra já cantada pela avó Jú.
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Quadra popular
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A primavera tem lindas flores
E como elas não há iguais
A primavera, vai e volta sempre
A mocidade, já não volta mais.



PRIMAVERA

PRIMAVERA

 É recriar,
sentir que há vida no próprio ar. Maravilha da natureza,
no renascer em tal pureza.
É luz, é cor,
é arco-íris chuva calor.

Ó PRIMAVERA!

És o canto do rouxinol
És andorinha de asa preta
És orvalhada, como lençol.
Num chilrear que nos encanta
pardais em bando, verdura em manta.
Jardim celeste e multicor
Plantou Deus Com todo o Amor.

Ó PRIMAVERA!

A oliveira toda florida
Ramo de espigas,
É pão de vida que me sustenta,
É magia clara, que me alimenta.

LÍDIA FRADE

domingo, 14 de março de 2010

UM BONITO CARDO, PRONTO A PICAR



UM BONITO CARDO, PRONTO A PICAR, MAS COMESTÍVEL


Vou tentar apanhar um bonito cardo, numa bonita foto, e explicar-vos o que de bom minha avó fazia, de um lindo cardo, bem tenrinho, repenicado, bem pronto a picar, pois é uma planta muito agressiva, precisamente por ter muitos espinhos.


Os cardos, existem de muitas espécies, no entanto à uma espécie que não sei o nome, mas que é comestível, lembro ainda num dia passando com a avó pelo terreno de vinha ela elogiou um grande cardo que crescia viçoso, bem tratado, pois estava a crescer num terreno cultivado, embora seja uma planta selvagem.


Eu fiquei admirada por a minha avó dizer que era bom para comer, como se aquela planta estava a crescer cheia de espinhos, dai a pouco estaria grande, enorme, com flores bem amarelas, que até eram lindíssimas, como se poderia comer uma planta daquelas que, no fim de crescer tudo o que poderia crescer, se o deixassem, seria até difícil qualquer pessoa adulta corta-lo.


O pé engrossava que ficava muito forte, aquelas folhas que se poderiam ver ali mimosas, apesar dos seus espinhos já bem visíveis, onde já se teria de ter muito cuidado, para o poder arrancar, contudo a avó prometeu fazer-me um dia uma surpresa, uma refeição com cardos.


Se bem o disse, melhor o fez, apanhou aquele mesmo cardo bonito, levou-o para casa, chamou-me para a ajudar, tratar, arranjar, aprender, a fazer a comida com os cardos.


A preparação dos cardos era o que merecia mais cuidados, mais perícia para não nos picar, já cortado pela raiz, e de onde nasciam todas as folhas que continha, não tendo ainda a haste que lhe daria o crescimento, a planta era ainda apenas folhas, e folhas soltas também já sem raiz.


A minha avó pegava no caule ou no pé das folhas, uma por uma, começava por pressionar de arrepio até ao fim da folha, arrastando assim tudo o que era folha verde, até cair no chão, ficava na sua mão, apenas o caule do que tinha sido, as folhas verdes, mimosas, e repletas de espinhos toda a volta.


Uma a uma em trabalho repetido, restava no final, uma mão cheia de caules de cardos, e o mais engraçado é que chegava a haver pessoas, que procuravam no mercado para cozinhar, mas aqueles sim era para cozinhar em casa.


A avó lavou-os e cortou assim com uma faca, miudinho a mão cheia logo de uma vez, para dentro de uma tigela de barro, fez um refogado num tacho, colocou água, os talos dos cardos, e depois arroz, fez assim um arroz de cardos, que seria bom para acompanhar qualquer coisa, fosse carne ou peixe.


Poderia ser ainda colocado nesse arroz, um pouco de feijão seco cozido, daria mais consistência ao cozinhado, ficaria mais rico e mudaria também completamente o seu gosto para o feijão, coisa que talvez não seja aconselhável, para quem procura conhecer apenas o dos cardos.


Ficaram assim com uma dica, experimentem fazer, se encontrarem um lindo cardo, com lindas folhas, acompanhem com o que mais gostarem, eu se conseguir encontra-los, irei fazer brevemente, para relembrar aqueles dias felizes da minha meninice.


Hoje por mais que procurasse, os cardos já não são bonitos como no tempo da minha avó, nem os da nossa vinha, mas fica aqui uma folhas dos mesmos exemplares.


LÍDIA FRADE


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

ERVINHAS DA AVÓ,,,,, AS MALVAS E MUITAS MAIS!!!

AS ERVINHAS DA AVÓ,,, DE ONTEM E DE HOJE,,, E CADA MAIS NA MODA O SEU CONSUMO!!!

O ROSMANINHO É UM ARBUSTO QUE TENHO NO MEU QUINTAL COM QUE GOSTO DE  TEMPERAR ALGUMAS CARNES!!!
O ALECRIM É IGUALMENTE DOS ARBUSTOS POR MIM USADOS EM MUITOS TEMPEROS,,,, IGUALMENTE PELA AVÓ JÚ,,,, QUE OS COLOCA NO ALCOOL PARA FAZER AS SUAS FRICÇÕES,,, NO SEU CORPO JÁ MUITO DORIDO!!! 

ESTA PLANTA FOI-ME OFERECIDA PELA MANA ZÉTE,,,, DISSE-ME SER MANJERICÃO,,, APLICADA IGUALMENTE EM TEMPEROS!!!
CONTUDO.......TODO O MANJERICÃO QUE ENCONTRO NO MERCADO TEM AS FOLHAS MAIS DE MANJERICO,,,, E NÃO TEM ESTA COR,,,, O QUE PODERÁ TER INFLUENCIA,,,, O TERRENO ONDE É PLANTADO!!!

 MEUS MANDAMENTOS

Ser forte, e vencer
Sem olhar, ver mais além!
Ver o nada, ou o ninguém!
Calar mas não esquecer,
Lutar sempre com paixão
Até ao ter!

Poder voar no sonho
Mas os pés em terra firme,
Sempre ter!
Lado a lado
Correr com o tempo
E nunca á fraqueza ceder!

Com força de vida
Ou de sorte
Em cada etapa vencer!
Não deixar passar ao lado
O momento certo
Sem o sentir e ver!

Fixar, o que se quer ter
Conseguir que a luta
Tenha a dimensão do querer!
E, gritar bem alto
Em grito de vitória
Por essa vitória,
Que nos deu prazer!

LÍDIA FRADE  

ESTE É O FUNCHO,,,, TENHO IMENSO NO MEU QUINTAL,,,, ALGUNS JÁ EM FLOR,,, MAS QUE NÃO TENHO MUITO HÁBITO DE UTILIZAR!!!


OS COENTROS BEM FRESQUINHOS E PRONTOS A UTILIZAR!!! É DAS ERVAS QUE MAIS GOSTO!!! COM ELAS FAÇO SOPAS, ARROZ, PETISCOS, MOLHOS, EM TUDO O QUE PRECISAR DE PALADAR ESPECIAL!!! 

A SALSA É UMA DAS ERVAS MAIS UTILIZADAS,,, TAL COMO OS COENTROS SERVE PARA TUDO,,,, INCLUINDO ASSADOS!!!

ESTES MEUS COENTROS JÁ ESTÃO TODOS FLORIDOS  E ALGUNS ATÉ COM AS SUAS SEMENTES EM MATURAÇÃO!!!


A MINHA HORTELÃ,,,, É DAS PLANTES MAIS RESISTENTES,,, PERSISTENTES,,, E RENOVÁVEIS QUE CONHEÇO!!! AGORA ESTÁ ASSIM LINDA,,, LOGO QUE ESTEJA FEIA E A ENVELHECER,,,, É TODA CORTADA,,, REBENTA TODA RENOVADA,,, BASTA TER AS RAÍZES,,,, MESMO QUE ENTERRADAS COMO ESTAS,,,, NUMAS RANHURAS DE CIMENTO,,,  E AQUI ESTÁ UM LINDO CANTEIRO DE HORTELÃ UTILIZADA NUMA IMENSIDÃO DE  PRATOS PRONTOS,,, COMO SOPAS, OU EM SALADAS,,, CORTADINHA EM JULIANA FININHA,,, TAL COMO OS COENTROS SÃO PARA MIM O MELHOR COMPLEMENTO DE TEMPERO DAS SALADAS!!!



AS MINHAS CEBOLINHAS, AQUI AINDA FRAQUINHAS,,,, QUE NÃO PODE DEIXAR DE FAZER PARTE DOS TEMPEROS!!!

ALHOS FRANCESES OUTRO DOS SABORES SEMPRE PRESENTES NA MINHA COZINHA!!!
MUITAS OUTRAS ERVINHAS DO MONTE IREI AQUI COLOCANDO PARA VOSSA APRECIAÇÃO!!! 



AS ERVINHAS DA AVÓ

As malvas
No último dia de minha folga, fui até à província, por sua vez, até ao campo fazer umas fotos, umas olhando mais o céu que estava lindo, com um azul luminoso, outras mais as arvores nuas, despidas de folhagens, que também podem dar umas boas fotos, as pequenas flores espontâneas, amarelas, que fazem fotos lindas, ou até os restolhos de milhos secos e, preparados para a sua decomposição, enterrados na próxima lavoura.

No meio desses mesmos restolhos secos, uma planta espontânea me chamou a atenção, era um pé de malva, grande, verdinha, com imensas folhas bem redondas e repenicadas que metia cobiça olha-la, daí, veio à lembrança a minha avó, e tudo o proveito que ela retiraria de uma planta linda como aquela.


Não resisti, fotografei, e creio mesmo que fiz uma bela fotografia, daquela planta que neste momento está no apogeu do seu crescimento, irá crescer mais durante uns três meses, passará em Abril a florir, com as suas lindíssimas florinhas, rosa malva, em Maio vai decerto acrescentar, espigas e depois sementes, que em pleno verão iram abrir, de tão secas ficarem, caíram de novo na terra, e o ciclo vai completar-se, para voltar a nascer muitas mais, no próximo Inverno.

O que seria possível a minha avó fazer daquela planta!

Apanhava algumas folhas para fazer um chá, que poderia ser até para beber, se ela ou alguém na família estivesse com algum distúrbio gastro, digestivo, ou intestinal.
Se por acaso alguém tinha uma ferida ulcerosa, depois das malvas cozidas, amaçava um pouco, fazendo uma papa da folhas, colocava no local, protegia com uma ligadura, e era feito assim o tratamento até sarar.

Se tinha uma inflação na boca, por um dente afectado por exemplo, esse chá deveria ser para bochechar, ou gargarejar, era assim que era feito o tratamento como anti-inflamatório, que servia para tudo, ou quase tudo, o que precisava de tratamento, era lavado com água das malvas, até uma inflamação vaginal!... lá ia a água das malvas.

Depois apanhava sempre uma grande quantidade de folhas, colocava-as a secar na sombra e, guardava num saquinho de retalhos, feito por ela, para quando chegasse a hora de serem precisas estivessem ali á mão, para não ter de as procurar algures no terreno.

LÍDIA FRADE

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

CARAVANA DE POVO CIGANO





Nada fazia prever que nos dias de hoje, ao passar pela minha cidade de Santarém, de repente uma caravana cigana, ainda em carroças, viesse a surgir na minha frente, consegui ter a minha digital ali à mão, e de repente consegui ainda as imagens, das duas ultimas carroças.


Também por isso mesmo vou aqui colocar, uma passagem descrita no meu livro, a publicar muito brevemente, das minhas lembranças de criança sobre as caravanas ciganas da época.


OS CIGANOS


No Outono as canas estavam boas para cortar, por essa altura aparecia sempre uma grande família de ciganos, que acampava perto da estrada, pediam para cortar canas e assim fazer os cestos.
Apanhavam, limpavam de todas as folhas e fios de folhagem, cortavam no sentido comprimento, todas hás tirinhas, depois faziam toda a espécie de cestos, com asas, sem asas, redondos, ovais, grandes ou pequenos, dependendo da habilidade, e criatividade de cada artista, mas sempre com as canas verdes para poderem moldar.
Ficavam por ali alguns dias a fazer cestos até chegar a Feira da Piedade, depois carregavam de novo tudo nas carroças, e ai iam eles em caravana, a caminho da feira, várias carroças, vários burros, e os cestos atados no cimo das carroças, faziam uma linda vista, e grande cortejo tudo caminhando, em direcção a Santarém.
Era normal só os pequenitos, ou alguém com muita dificuldade terem lugar nas carroças, a carga com todos os seus haveres que eram poucos, mas já muitos para transportar nas suas carroças, os colchões e mantas, panela e pratos, cântaro para água.
Até os cães, que caminhavam com os donos em cada etapa das suas viagens errantes, os outros iam a pé acompanhando as carroças, mas não cem antes oferecerem algumas cestas pelo agrado, à cedência das canas e, alguma coisa mais que Julieta lhes teria dado para comerem.


LÍDIA FRADE

sábado, 30 de janeiro de 2010

" CONTO" UM GRITO DE ALEGRIA, NA PASSAGEM DA MORTE





CONTO


UM GRITO DE ALEGRIA, NA PASSAGEM DA MORTE


Importante será dizer, naquela terra, Monte de Novais, havia muitas famílias, importantes com muita certeza, contudo o facto é que, a merecer a sua história contada, nestes pequenos contos, só as que, se destacam pela ternura dos factos, ou pelo insólito do acontecimento.


Uma aldeia no cimo de um monte, igual a tantos outros que a circundavam, onde quem queria chegar até lá, teria sem duvida de subir as suas ladeiras.
Num conjunto de tradições e princípios, em saudáveis costumes, no sentir dos deveres familiares, onde os velhinhos ainda são tratados no seio da família, ou mesmo no seu próprio lar.
Onde criaram os seus filhos, e onde em consciência desejam, passar o resto dos seus dias, até chegar o momento final, da passagem na terra.


Começa aqui uma história de grande profundidade humana, de cooperação comunitária, numa pequena aldeia com cerca de, duzentos oitenta residentes.
Uma rua sem nome, uma casinha velhinha, baixinha, com uma única porta, e uma janela, bem pequenina, numa rua sem asfalto ou alcatrão, apenas terra batida, por vezes cheia de buracos, ou de poças de água quando chovia.


Ali naquela rua, passava o trânsito local, as carroças que saiam de manhã, com os seus proprietários para trabalhar nas fazendas, onde se esforçavam por ganha o seu pão, levavam as suas ovelhas prezas nas carroças, que por lá andavam o dia inteiro também a pastar.
Passavam também as ovelhas, dos dois rebanhos, de, uns vizinhos ali da terra, algumas alegravam a sua passagem, com alguns chocalhos, ou ainda deixando as suas caganitas, enquanto iam aliviando a tripa, na sua passagem.


Passavam os tractores a caminhos para os trabalhos, os carros que levavam e traziam, os habitantes da terra, para as vilas ou cidade próximas, para os seus trabalhos.
A casa ficava um pouco recuada, da linha das restantes, e com uns bons centímetros, em rebaixo do nível da estrada.
Na frente um pequeno retiro, entre a porta e a estrada, uma nespereira bem perto da porta, para dar sombra, onde se sentava a tia Áurea, nas tardes quentes de Verão, e dava mais,… os seus frutos bem apreciados e saborosos.
Tinha duas roseiras, uma de rosas brancas, lindíssimas e antiga, outra de rosas cor-de-rosa, a que chamavam rosas de açafate, que eram grandes, dobradas, muitas pétalas, e cheirosa que regalava, no jardim ou na jarra, da mesa da casa de fora.


A frente da casa, era muito estreita e, a única porta dava acesso directo até ao quintal, o chão da casa de fora, era de tijoleiras, mas já tão gastas, pelos sítios onde se andava demais, principalmente os homens com as sua botas grossas com cardas, gastavam a tijoleira, e fazia todo o piso irregular.
Como os homens só podiam comprar um par de botas por ano, todas as botas era com a sola forradas da cardas, assim nem esbarravam, nem se gastavam as solas, muitas vezes as cardas é que era substituídas.
Muitas vezes mandavam por tombas e viras ou biqueiras nas botas, pelo desgaste da porte de cima, mas as solas lá iam aguentando com a protecção das cardas.
Era esse o único calçado que os homens usavam, com ele trabalhavam um ano inteiro, pelas encostas cavando, ou fazendo todos e quaisquer trabalhos do campo.


Continuando a falar da casa, era sempre a casa de fora compartimento maior, já o quarto era bem menor, onde cabia apenas uma cama de ferro, suficiente para o descanso da noite, e pouco mais que isso.
Seguindo até á cozinha, também pequena, onde a chaminé para cozer a comida, e uma pequena mesa, mais dois ou três mochos, seria o mobiliário suficiente.
Sempre em frente saia-se para o quintal, também pequeno, limitado pelo espaço dos vizinhos, pelos muros de pedra, quase solta, ou paredes altas de pedras toscas e negras, saltando á vista.
Foi ali que a tia Áurea teve os seus filhos, que os criou, na companhia do seu marido, como grande evidência de que, numa pequena casa, se podia criar uma grande família.


Depois de tudo feito, filhos criados e casados, os anos passaram, agora tia Áurea vivia sozinha, ali na sua casinha, uma mulher que devia ter sido alta, mas já andava curvada á muitos anos, encostada num cajado, isso já lhe tinha retirado um bom pedaço da sua altura.
Toda vestida de preto, tinha-lhe morrido o marido já havia alguns anos também, nunca saia à rua sem por o seu lenço preto, mesmo com muito calor, colocava o seu lenço de uma maneira muito própria, caído sobre a testa, fazia duas dobras para dentro, dos lados, para depois atar por baixo do queixo.
Queixo esse muito pontiagudo, o dito queixo de “rabeca, como se dizia na terra,” era um queixo muito saliente, onde a boca muito encovada e sem dentes, faziam ainda salientar mais.


Era ela uma mulher de rija têmpera, das que devia ter tido sempre a ultima palavra em tudo, não se deixava levar com palavrinhas ou acordos, e por isso mesmo uma mulher difícil e conflituosa.
Na luta pelos seus direitos, não deixava levar-se, nem deixava nas mãos dos outros, o que pudesse fazer com as suas, e muitas vezes as brigas com os vizinhos acabava por meter a G N R para a solução de causas, ela não ficava por acordos pacíficos.
Bastava as águas fluviais, ou da chuva, e ai havia um motivo para briga, isto porque era natural que a água corresse para o lado mais baixo, que seria a casa dela, mas não queria,… e assim entre brigas e quezílias, resolveu fazer um muro mais alto do que os vizinhos, que ficassem eles com as águas.
Outros ainda se pensaram fazer um muro em tijolo, os homens construíam, ela destruía, isto até ser vencida pelas multas que teve de pagar.


Como vizinhos do lado, vivia o tio Manuel Caleiro, isto porque vendia cal, e a sua mulher a tia Arminda, um doce de pessoa, pequenina, maneirinha, de palavras suaves, como suave eram seus gestos, suas maneiras.
Enquanto ele vendia cal, atrelava o macho, carregava a carroça, colocava a balança, ai ia ele pelas terras vizinhas fazer a sua venda, havia sempre os tempos especiais para as maiores vendas, tal como o Verão, porque todas as pessoas caiavam as casas.


Na Primavera porque se vendia também a cal virgem para misturar na calda de sulfato azul, para curar as videiras e arvores, para afugentar as pragas, depois também perto do Natal para caiar as casas, as chaminés.
Onde se queimava a lenha, tinha de haver cal de caiar, sempre que se cozia o pão, tinha de se caiar á volta da boca do forno, e coziam o pão alvo, ou de milho, pelo menos no Inverno, pelo menos uma vez por semana, não havia dia de limpeza em que não se aplicasse cal de caiar.
Conforme a bolça de cada um, mais do que a necessidade, poderia comprar mais ou menos cal, uma simples pedra, poderia dar já para algum tempo, mas poderiam comprar meia arroba, uma arroba, ou mais, dependendo assim de cada bolça.


Contudo o tio Manuel, não vendia só a cal, quando saia para a vender, levava a carroça carregada de cal, apregoava pelas terras, “caaaaaaldecaiaaaaaaaaar” com a venda total da cal, voltava a apregoar “feeerrrroooveeeeelhhhho” e comprava tudo o que lhe quisessem vender.
A tia Arminda era a peixeira da terra, era mais conhecida pela sardinheira, pois o que se vendia mais eram as sardinhas, o conduto do povo pobre do campo.


Era o que os seus magros salários davam para comprar, até costumavam dizer que, nos dias de Inverno, se conseguiam trabalhar que,” já tinham ganhado para as sardinhas.”
E quem as vendia ali na terra era a tia Arminda, quando alguém lhe perguntava, “ ó ti Arminda as sardinhas são boas?”
Ela logo respondia, fosse qual fosse a hora, logo nas primeiras horas da manhã,” se são filha!… ainda agora acabei de comer uma, uma maravilha.”
E estas sardinhas comidas em cima de um pedaço de pão caseiro, com umas migas, um magusto, uma tiborna, ou lapardana, caiam que nem ginjas, comida simples, Ribatejana, confeccionada apenas com pão, batata, e hortaliças, iguarias apenas da casa dos pobres.


Contudo as sardinhas podiam ser frescas ou salgadas, assim como as sardas, “escorrechadas,”era apenas o nome que se dava, às sardinhas e sardas que, eram abertas a meio pela espinha, cabeça cortada, e carregadas de sal, para sua conservação, depois vendiam assim, e normalmente era mais para cozer, tinham de se por antecipadamente de molho para sair o sal, depois era só cozinhar.


Outros vizinhos, tinha esta aldeia, e ali pertinho uma outra família, os Carrapiços, viviam dois irmãos frente a frente, que se iam levando de razões, sempre desenvolvidas pelas partilhas de bens, e era tão difícil a sua relação, que se desenvolveu um ódio visceral.
Certo dia no meio de uma briga feia, resolveram as questões em luta corpo a corpo, não se sabe bem quem deu mais, nem quem levou menos, e todos sabemos que quem conta um conto, aumenta um ponto, pode ser que aqui também tenha acontecido.


Mas fiquem sabendo que os ditos senhores não ficaram por meias medidas, não lutaram com armas, é certo, contudo aconteceu algo que talvez acabasse ali com as suas brigas, na luta alguém levou a melhor, por ventura até, batendo menos, mas aconteceu…
Deu tamanha dentada na orelha do irmão, que lhe arrancou um pedaço de orelha, e assim acabaram a briga, “toma lá!…”fica agora marcado para o resto da vida.


Pelo meio destes residentes a casa dos Alves uns vizinhos muito engraçados, um casal modelo, ainda que, com idade da reforma, eles saiam de casa sempre os dois, iam até às fazendas para fazer alguns trabalhos do campo.
Quando saiam de casa, ele colocava uma saca de linhagem dobrada no ombro, uma sachola por cima, a saca dava sempre jeito para dormir a sesta, numa boa sombra, a sachola sempre necessária também, cortar uns cardos, sachar as culturas, ou até matar uma cobra incómoda que apareça.


A senhora Alves colocava o seu avental de mulher do campo, um lenço colocado na cabeça, mas sem ser atado, com as três pontas caídas, uma rodela por sua vez, para colocar a sesta de vime com o almoço, tapada com um pano bonito, assim passavam os seus dias sempre juntos, como sempre tinha sido, em todos os dias das suas vidas.


Até que chegou o momento, entregaram as suas fazendas para as filhas, e ficaram gozando a sua vida de reformados, a sua casa ficava ali bem na passagem, num sítio bonito, num cruzamento de ruas, viam tudo e todos para qualquer lado que olhassem, passaram a ficar sentados, na sua sala, a ver as pessoas passar, ou na janela, uma vida mais parada mas amorosa.


O tempo foi passando, a tia Áurea foi descaindo, até que ficou sem forças, as suas noras vinham dar-lhe a comida, passaram a dormir lá na casa dela, depois a estar noite e dia, até que os últimos dias foram chegando.
Um dia uma das noras, era muito medrosa, disse a duas vizinhas, que tinha medo que ela morresse, na sua semana, e ela sozinha com ela, tinha medo de mortos, e não conseguia vesti-la se ela morresse.


As vizinhas ofereceram-se para lhe dar apoio, para as chamar, se algo acontecesse, e assim foi, tia Áurea morreu, as vizinhas foram chamadas, foram vesti-la, peça por peça de vestuário, depois as meias, sem ligas, a viagem que ia fazer, não lhe fazia cair as meias, ali estava quase pronta para a última viagem.


Alheias a tudo isso, andavam por ali brincando umas crianças, dois irmãos pequenos, que viviam com a avó, brincavam alegremente, soltos e á vontade, no meio da rua, com o bisneto da tia Arminda, e com as suas alegrias naturais de crianças felizes.


Dentro da casa da tia Áurea, o drama continuava, ou nem tanto, era natural que uma pessoa de idade avançada, morresse, a tal ordem natural das coisas, e da vida.
Depois de arranjada e deitada na cama, esperando a cangalheiro, com um lenço atado, do queixo ao cocuruto da cabeça a amarrar, para que a boca não ficasse aberta, só faltava calçar os sapatos, a vizinha mais nova era a primeira vez que vestia uma pessoa, mas gostava de experiencias novas, de desafios, e ela ia-lhe calçar os sapatos.


Os sapatos eram um pouco justos, talvez mesmo apertados, ou talvez e defunta tivesse os pés inchados, o que era certo é que, a vizinha tinha de forçar, carregar, estava difícil entrar os pés, naqueles sapatos.
A última tentativa, fez toda a força, fazendo entrar o pé no sapato, foi nesse mesmo instante que ela embrenhada no seu desempenho, ouviu um grito, não sabia de onde esse grito surgiu, a primeira coisa que fez foi largar os pés da criatura, com um sobressalto, olhou a cara dela, seria ela a queixar-se de dor pelos sapatos apertados.


A sua colega de boa vontade, olhou para ela e riu-se ela sabia de onde tinha vindo o grito, não era um grito de dor, mas antes um grito de alegria, de uma alegria alheia ao que se passava ali naquela casa, um grito de alegria, de crianças que brincavam felizes na rua, ali mesmo ao lado.
Dentro de casa descansava para sempre, das suas quezílias, das suas lutas a tia Áurea.


O tio Manuel Caleiro, também já tinha morrido, mas ficou a tia Arminda, com a sua calma e doçura, e quando já pouco podia fazer, encontrou uma maneira de se entreter, queria deixar uma recordação quando morresse, para todas as pessoas de quem gostava, e assim fez.


Passou a fazer corações, com trapinhos bonitos, coloridos, que bordava com pontos garridos, e ia oferecendo, a todas as pessoas, vizinhas amigas, filhas de amigas, todas as que mereciam a sua simpatia, esses corações eram oferecidos como recordação da tia Arminda, mas serviam para pregar agulhas e alfinetes, na caixa de costura de cada uma das presenteadas.


Os Alves lá passavam os seus dias sentados a ver que ia para cá e para lá, mas tinham os seus rituais, a senhora Alves levantava-se e todos os dias ia buscar o pãozinho fresquinho, na padaria que havia na aldeia, que ficava na estrada principal, cá por baixo.
Saia de casa sempre impecavelmente arranjada, penteada com o seu carrapito, sapatos meio tacão, nunca andava de chinelos, talvez com medo de escorregar, descia a ladeira até á padaria, e tornava a subi-la até casa, o que era um pouco mais difícil.
Em casa na janela da sala, ficava o marido esperando, e olhando a ladeira para ver se a via subir, sempre preocupado com receio que lhe pudesse acontecer alguma coisa, só quando a conseguia ver a meio da ladeira ficava descansado.


Um certo dia o senhor Alves adoeceu, já tinha oitenta e tal anos, um problema de saúde grave, levou-o a ser hospitalizado, tinha de ser operado, não havia outra solução, a família muito preocupada, pelo seu estado de saúde, em conjugação com a idade avançada.
Foi operado, a situação foi complicada, mas o Alves conseguiu superar tudo, para alegria dos familiares, e admiração até dos profissionais de saúde.


Alguém porém, não conseguiu suportar essa situação, a senhora Alves nunca tinha tido o seu marido doente, agora de repente foi levado para o hospital, ela ficou sozinha, pela primeira vez na sua vida, sem o seu homem, e o pior, por doença.


Ninguém lhe contava a sua real situação, mas bastou ela saber que não o tinha ali, e estava infeliz esse foi o passo para a senhora também com a idade do marido, cair na cama, perder o andar, o gosto pela vida, e ficar pouco a pouco sem forças, mais doente que o marido.


Ele conseguiu melhorar, voltou para casa, conseguiu ficar mais forte do que a esposa, andar de pé, coisa que ala nunca mais conseguiu, e até olhar um pouco por ela.
No mesmo cruzamento da casa dos Alves, havia um estabelecimento de província, café e mercearia onde se vendia de tudo, naquelas lojas onde era possível comprar, o possível de imaginar.


O senhor Alves era lá cliente, de algumas poucas coisas, que as filhas não compravam, entre elas, comprava lá as lâminas para se barbear, só cortava a barba uma vez por semana, isso dava para que, só utilizasse a máquina de barbear de duas lâminas de uma só vez, na próxima já não cortava.


Ele com os seus hábitos de poupança, ia juntando as máquinas todas, já utilizadas, dentro de um saco, não sabia que caminho lhes dar, mas fazia-lhe muita confusão, ter de as deitar para o lixo, pois só as tinha utilizado uma só vez.


Certo dia precisava de comprar mais lâminas, pegou no saco das utilizadas, e foi á mercearia, quando lá chegou diz para a dona da loja. “ó vizinha, venho ver se quer fazer um negócio comigo, trago aqui as lâminas todas que você me tem vendido, você não me quer ficar com elas novamente, eu vendo-lhas baratas, você pode vende-las de novo também mais baratas, só serviram uma vez, é uma pena deita-las fora, assim estas todas podiam dar para uma embalagem nova.”


A vizinha explicou calmamente que não podia fazer tal coisa, se não serviam para ele, também já não podiam servir para outra pessoa, mas foi difícil convence-lo, e ainda lhe disse, “podiam ser boas ainda para alguém que não tenha uma barba tão rija como a minha, e daria para outra embalagem, assim a reforma não chega para fazer a barba”.


A vizinha da loja achou muita graça à sua ideia, quanto tempo é que o senhor Alves teria andado a pensar em fazer aquele negócio, de grande valor, para um homem quase com noventa anos.


Contudo a vida continuou naquela rua, os Carrapiços morreram, o casal Alves também partiu para a eternidade, primeiro a mulher, depois o Sr. Alves, a tia Arminda, deixou os seus corações com as pessoas, e será recordada durante anos, quando olharem os seus corações, iram recordar a meiguice da tia Arminda que ficou com eles, a tia Áurea, deu lugar no seu leito de morte, á alegria das crianças que cresceram naquela rua, a mercearia acabou, porque a vida é feita de ciclos, onde a estagnação asfixia a vida, se não existir evolução.


LÍDIA FRADE