quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PRAIA DO CARVALHAL



CAMPOS DE ARROZ PELOS CAMINHOS DO CARVALHAL NA PENINSULA DE TRÓA
Estes arrozais fizeram-me lembrar os paúis da Ponte do Celeiro, por onde fiz a minha iniciação no trabalho do campo, plantando, mondando arroz.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PORTINHO DA ARRÁBIDA

FOI PELOS CAMINHOS SINUÓSOS DA SERRA DA ARRÁBIDA QUE, CHEGAMOS E VIMOS TODA ESTA BELEZA, BELO INICIO DE FÉRIAS, QUE IREI DESCREVENDO AO SABOR DA MINHA DISPONIBLIDADE.









FOTOS LÍDIA FRADE

PORTINHO DA ARRÁBIDA

Portinho da Arrábida Foi por aqui que iniciei, os meus já pequenos cinco dias de férias, uma manhã com pouco sol é verdade mas, com um local lindissimo que passo a partilhar aqui neste meu espaço, com algumas das fotos, com que fui fixando as lindas imagens deslumbrantes, a meus olhos.







FOTOS LÍDIA FRADE

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O AVÔ ZÉ E A SORTE GRANDE

14º CAPITULO

O AVÔ ZÉ E A SORTE GRANDE

A situação da maleita quase fatal passou, o avô Zé Franquinho melhorou e, logo que se sentiu um pouco capaz, lá foi ele à vida. E assim acrescentou a sua com mais uns cinco anos, em que continuou a trabalhar, a somar ainda muitos quilómetros de estrada nas suas já frágeis pernas e, como tinha dado um salto ‘para fora da cova’, era porque tinha ainda muitas coisas a fazer neste mundo.

Tinha mesmo de acontecer alguma coisa mais importante na sua vida, e num dia de sorte para ele para outro senhor da Ponte do Celeiro, o José Afoito, ele vendeu-lhe a sorte grande, que nessa época dos anos cinquenta era de cem contos, e foi a loucura para aquela grande família.

Eram três irmãos os Afoitos, cada um com a sua casa de família, que formavam um grande núcleo familiar, onde houve festa da grande e, como todas as festas do povo, foi festejada com foguetes a estalar no ar para que toda a aldeia soubesse da alegria.

Foi o avô Zé ‘Franquinho’ Frade com eles a Lisboa levantar o dinheiro na Santa Casa, e foi logo ali que o dinheiro começou a ser distribuído. O ganhador da sorte grande deu algum dinheiro ao avô, em agradecimento, e logo em Lisboa, do primeiro dinheiro que ele gastou, parte foi a comprar alguns metros de tecido para Julieta fazer um vestido a cada uma das netas, que já eram quatro.
Quando chegou a casa, muito feliz, foi entregar o embrulho à sua filha Julieta, vinha atado com um fio, e disse que era para ela fazer uns vestidos para as netas. O tecido era bonito, era uma chita com fundo azul e toda repleta de bolinhas multicores com muitos tamanhos, e Julieta fez uns vestidos de corpo liso, decote quadrado e saia franzida.

Dalila adorava o seu, ficava-lhe lindamente, e como era de tecido fino colava um pouco no corpo, já se fazia adivinhar a elevação do peito, o que já a deixava toda vaidosa. Nunca esqueceu aquela prenda do seu avô Franquinho, poderia ter sido a única, mas para ela tinha valido por uma vida inteira.
*
Certo dia, passados uns cinco anos o avô voltaria a adoecer, esteve poucos dias doente e a avó viu que ele não conseguia levantar-se. A avó disse a Dalila que lhe fosse lavar a camisa melhor, ou a mais nova, ele tinha-a vestido para sair. A avó estava a trabalhar na costura, e pediu pois à neta que fosse ela ao tanque lavar a camisa para pô-la a secar, ‘podia acontecer alguma coisa’.

Recomendou que a esfregasse bem nos punhos e o também o colarinho, com sabão, e à mão, bem esfregadinho, e assim fez ela, pegou na camisa e foi para o tanque, aquele mesmo onde uma vez tinha caído. A camisa era clássica, branca, com risquinhas azuis, comprada por ele na casa das camisas, até tinha esticadores no colarinho. Dalila achava-a linda e fez tudo como a avó lhe recomendou.

Molhou, ensaboou, esfregou, bateu bem na pedra para sair bem o sabão, espanejou bem na água, espremeu, torceu muito bem, até as suas forças, ou o seu jeito lhe dar. Por fim estendeu no arame, bem ao jeito de lhe entrar o vento por dentro, e como gostava ela de apreciar, ver assim um estendal de roupa onde o vento entrava por dentro, parecendo até ter os corpos lá pendurados e a balouçar no arame.

Na verdade foi desta vez que o avô se foi para sempre e o funeral foi mesmo para Santarém, a avó mandou colocar uma lápide e, quase sempre, futuramente, Dalila iria com ela arranjar a campa e pôr flores.

Julieta comprou luto, vestiu-as de azul-escuro com pintinhas brancas, fez uns bibes com folhos no corpo e umas fitas na cintura para dar um laço atrás, eram bem bonitos e jeitosos. E assim lá iam para a escola, agora, como a mãe dizia, ‘bem compostas’, para que as pessoas não fizessem critica pela falta de luto pelo avô Zé.

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

COMO ULISSES


COMO ULISSES

Como Ulisses,
Sempre ausente,
Voando livre,
Sem asas de condor,…
Herói de píncaros,
De pêndulos,
Cicerone em caminhos
E serras
Amigo de cobras, lagartos,
E outros!

Em Penélope
Recalcavas suas mágoas
O teu castelo!
Era sua fortaleza,
Sua defesa…
Nas voltas, com a sua teia,
Desfiando, tecendo, entrelaçando
Cozendo e descosendo
Seu labirinto aumentando.

Sentindo seu corpo amarrado
Quase, o sente asfixiado,
Em fios e fitas,
Em laços atados, em nós
De olhos molhados,
De choros calados, e sós!

Se em teus regressos furtivos
Derrubasses ameias!
Lhe rasgasses as teias!
Lhe tocasses na mão!
E, regasses com ela as roseiras,
Que por maldade secavas!

Se em lugar de silêncios
Continuo-os,
De tempos parados!
Que faziam Penélope,
Trocar!
No silêncio da noite,
O calor de sua cama,
Pelo frio gelado,
De um chão sem afago!

Pelo rio fecundo,
De leito abundante,
Que foi seu corpo!

Pelas almas e corpos,
A que deu vida!

Pelo amor que a todos deu!
Essa Penélope esquecida!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

CASAS ESPECIAIS, CARTAXO


UM DIA DESTES ESTANDO NO CARTAXO, FUI ANALISANDO QUE AS CASAS MAIS ANTIGAS  ESTÃO A MAIORIA COM PLACAS PARA VENDA, O QUE NO CONTEXTO ATUAL NÃO ADMIRA NADA.
NÃO ME PARECE SER O CASO DESTA MAS, FOTOGRAFEI POR ACHAR ESTA FACHADA COM AS JANELAS ENCIMADAS POR LINDOS AZULEJOS ANTIGOS, QUE MERECE ESTAR AQUI NAS MINHAS CASAS ESPECIAIS!!! 


Merecendo fazer parte das minhas casas especiais do Cartaxo, esta pelo insólito da imagem que nos apresenta, uma árvore, completamente nascida dentro de uma parede, que já tem uma história de largos anos, segundo nos relatou um morador local, e vizinho da dita árvore, da qual vos passo a contar o relato, desse residente. Conta a história que, largos anos atrás, o dono da casa da parede já meia desfeita, e que era uma adega, chegada que era a feira dos Santos, a 1 de Novembro, e época da abertura do bom vinho do Cartaxo, pendurava um garrafão, e junto um ramo de árvore, como era hábito fazerem, a indicar que, ali se vendia vinho. Isto a cerca de 10m do local desta foto, o ramo foi ficando por largo tempo, até ultrapassando o tempo da venda do vinho. Quando se deram conta, com o Inverno, o ramo de árvore foi criando raízes na parede da casa, pois como se poderá ver, na parede de terra seria fácil. O dono da adega, achou piada, e recusou se arrancar a árvore, pois passou a ter até uma certa graça. As raízes foram alastrando e brotando por toda a parede, as árvores crescendo ao longo da parede, até que não sendo nada feito deixou de ser adega, o telhado caiu, a árvore foi sendo cortada, mas venceu sempre o homem, percorreu toda a casa, até que neste momento e como mostra a foto, está no final da parede do dono, e passando para a casa do vizinho, o que se vai tornando grave. Como poderão analisar pela foto, eu pelo meu lado, só achei imensa graça, e tirei a foto, depois como o vizinho me contou a história não resisti a partilhar. Lídia Frade De cada vez que volto ao Cartaxo em visitas pessoais, vou estando mais atenta ao que me rodeia, e esse facto leva-me a encontrar imagens de construções que, hoje já ninguém iria construir, isso leva-me a registar o facto, também pela sua beleza, onde esta que aqui colocada é um desses bonitos exemplares.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O DIA DE TODOS OS SANTOS

13º CAPITULO

O DIA DE TODOS OS SANTOS

O Dia de Todos os Santos era um dia muito importante na infância de Dalila, pelo menos naquele ano era a primeira vez que ia à Feira dos Santos e isso fazia a diferença, para o pai, contudo, era por outros motivos, ele gostava das feiras por gostar de fazer os seus negócios.

Para Julieta era o prazer de partilhar naquele dia um programa com o marido, e em família, coisa que pouco acontecia, o que portanto a deixava muito feliz. Todo esse dia era preparado e pensado muitos dias antes, pelo menos por Julieta, que tinha as filhas e farnel para arranjar.

Deodato só se preocupava com o transporte que ele já tinha preparado ao pormenor, era a pintura da carroça que serviria para transportar toda a família e que já tinha sido toda pintada de azul, as ferragens eram pintadas em preto, e o pai tinha até colocado umas rodas de carro, ou rodas de pneu adaptadas na carroça, e estava pois toda bonita a geringonça.


Ele gostava muito de a modificar a seu jeito, era como se fosse o seu verdadeiro carro. Depois vinha o abrilhantar dos metais que ornamentavam os arreios do macho, o cabedal era ensebado com sebo de carneiro que o pai sabia preparar, e nos arreios todas as fivelas de metal amarelo estavam reluzentes, assim como a guizeira, com seus guizos de cobre pendurada no pescoço, brilhante e tocante - com o trotar do macho faziam uma música constante que se ouvia a larga distancia.

Todas as pessoas olhavam, dava nas vistas, com uns enfeites de rabos de raposa muito lindos com fitinhas de várias cores, por sua vez dependurados, um de cada lado das orelhas - o pai era mesmo muito vaidoso com todos aqueles apetrechos da carroça e respectivo macho, para a viagem.

Julieta tinha morto uma boa galinha na véspera. De manhã acendeu o forno de lenha, bateu um bolo, apressadamente, para aproveitar o mesmo calor e cozer tudo de uma só vez. Estando o forno devidamente aquecido, nele foi colocado o bolo, assim como a galinha a corar, já previamente meia cozida, e barrada com tempero, e no entretanto foi fazendo um arroz no caldo da galinha, meio cozido coloca-o depois no tabuleiro à volta da ave, mais rodelas de chouriço a decorar o arroz. Volta tudo ao forno para acabar de cozer e corar, e ali estava preparado o grande almoço que seria comido na feira do Cartaxo, a feira de Todos os Santos.

O PÃO POR DEUS

Depois do banho tomado, dentro do grande alguidar que lhes servia de banheira, a mãe vestia-as com a melhor roupa, como nesta ocasião para irem à feira. Dalila e sua irmã Amália, como eram as mais velhas, andavam quase sempre vestidas de igual, diga-se a propósito, e até os seus sapatos pretos eram iguais e feitos de encomenda ao sapateiro da serra, como lhe chamavam, que seria da Benedita, terra de sapateiros.

Ele ia por todas aquelas pequenas aldeias, tirava o molde do pé num papel pardo, um risco de lápis, fazendo o molde do pé, e de volta trazia os sapatos feitos, sempre com a recomendação dos pais de deixar uns centímetros a mais, para o crescimento do pé, pois aqueles sapatos seriam muito poupadinhos, só quando estavam já a deixar de servir é que se podiam calçar à vontade.
Então, todos os dias, para os aproveitar bem até ao fim, andava-se até com os pés doridos, roídos ou, por vezes, cortando os sapatos nas biqueiras, mas eram os sapatos melhores, e tinham de acabar com eles, mesmo até ao fim.

Julieta tinha comprado pois para esta ocasião especial da ida à feira, umas meias de algodão com riscas horizontais e multicores, ao Sr. António Madeira. O Sr. Madeira era um vendedor ambulante que vinha vender pelas terras num Fiat cinzento com as portas a abrir ao contrário, ao contrário, sim, do que hoje acontece com as portas dos modelos de carros. Ora essas eram umas meias fantásticas que chegavam até ao joelho, e fez ainda, a Julieta, umas saias de xadrez todas pregueadas e vincadas, que elas adoravam.

Vestiram as saias com camisolas iguais tricotadas pela mãe, estavam todas bonitinhas e ei-las quase na hora da saída quando vêem chegar, descendo a estrada, alguns colegas de escola, que vinham pedir o ‘pão por Deus’.

Ali na fazenda havia de todos os frutos, e até várias qualidades da mesma espécie, com fartura de tudo, a avó Joaquina secava muitos figos, tudo se aproveitava, até as maçãs e pêssegos a avó cortava e secava ao sol, às rodelas ou em pedaços, fazia passas de uvas, das que ela sabia serem boas para passar, e depois havia os frutos de Inverno, as romãs grandes e de boa qualidade.

Por isso mesmo algumas das crianças lá da terra, mais desfavorecidas, ou que pelo menos não tinham a fartura que havia ali, e porque era hábito, sabiam onde ir pedir o ‘pão por Deus’.

Ali estavam com os seus saquinhos de retalhos a pedir, tal como iriam a outras casas, onde procuravam enchê-los antes de regressar a casa. Dalila foi falar à mãe, que logo lhe deu um açafate de frutos secos para que elas distribuíssem pelos seus amigos. Como seria natural, Dalila e Amália estavam muito excitadas, com o seu dia tão especial e, não os deixaram ir embora sem primeiro lhes contar as novidades, de que iam para a feira, queriam partilhar com eles a aventura daquele dia.
*
Chegara agora a hora da arrumação e partida, veio o tabuleiro do almoço dentro da alcofa, assim como o bolo - que merecia uma atenção especial das meninas - e tudo o resto necessário, para comer durante o dia, até os pratos e talheres para o serviço. Com todos os aconchegos requeridos para se acomodarem na carroça, lá foram subindo pela via acima, até chegarem à estrada principal de macadame. Aí, todos felizes e contentes subiram para a carroça, onde havia duas tábuas de assento, uma para os pais e outra para as crianças, duas mantas recobrindo esses assentos para ficarem mais confortáveis.

A viagem era de quinze quilómetros, mas naquela hora, a meio da manhã, e com bom tempo, seria muito agradável de fazer. Já todos acomodados lá iam partir, a carroça e o macho bonitos e enfeitados, os pais preparados e muito vaidosos, sentados no banco da frente, com a Graciete no meio deles - era a mais pequenita – e no assento virado para trás iam Dalila, Amália e Lisete.

A vaidade cresceu principalmente quando iam a passar pela terra vizinha de Atalaia, de onde Deodato era nascido e criado, ao passar pelos seus conterrâneos, até Dalila sentiu isso, porque estavam todos felizes da vida, naquele dia especial de Todos os Santos.

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