LÍDIA FRADE
Nasci
numa pequenina aldeia de nome Ponte do Celeiro na Freguesia de Almoster
Conselho de Santarém.
Foi
aí que passei a minha infância onde fiz a minha escolaridade, e comecei a
trabalhar par ajudar a minha mãe, a regar as hortas, apanhar comida para o gado
de toda a espécie que se criava na fazenda, a guardar os perus pelas terras para a mãe vender no Natal, ou
as ovelhas trazendo de regresso a casa algum cordeirinho que nascia no pasto,
ou a cuidar das minhas irmãs, pois sou a mais velha de cinco.
Foi aí que vivi até aos treze anos, altura em
que o meu pai achou que eu já estava crescida suficiente para me por num
comercio de venda de frutas e verduras, trabalho que durou pouco por ser mal
organizado.
Acabado
o negocio de frutas e legumes, mesmo sem dizer nada a ninguém ganhei coragem e
fui percorrer todos os cabeleireiros de Santarém para ver se conseguia ir
aprender a cabeleireira, levei um não de todos eles não precisavam de
aprendizas, era muito difícil e ainda
tinha de ser com pedidos e conhecimentos, coisa que eu nem imaginava.
A
minha mãe resolveu pôr-me a aprender costura, foi falar com umas senhoras
conhecidas e fui para lá aprender durante uns meses.
Chegou
a época da apanha do tomate, mudamos de casa e fui trabalhar com a minha mãe
para a apanha do tomate, é aí que eu considero o meu primeiro trabalho, fui
ganhar 15$00 por dia, menos três do que as mulheres adultas, trabalhei no campo
até casar com dezoito anos.
Entretanto
comecei a namorar com dezasseis anos, conheci o namorado e mais tarde marido
nos bailes, era dos poucos divertimentos a que os jovens da província tinham aceso
e de muita importância, bailes e festas de arraial na província.
Casei
a 10 de Dezembro de 1967, vim para Lisboa passar a minha lua de mel, fomos ao
Parque Mayer ver uma revista, com os bilhetes oferecidos pelo padrinho do noivo,
arranjei trabalho para um armazém que confeções de crianças, fazia cuecas de
plástico com rendinhas e folhinhos, em tricô de nylon, para poder trabalhar
comprei uma maquina de costura velha, adaptei para fazer zig zag, e cozi tanto
nela, até cair o pedal de ferro para o chão gasto de tanto trabalhar.
Entretanto
o meu marido foi chamado para a tropa, ao fim de ano e meio foi mobilizado para
a guerra, e foi para a Guiné quase dois anos.
Quando
ele partiu, eu voltei de novo para a aldeia morar com os meus sogros, continuei
a trabalhar em casa a fazer costura, fui arranjando clientes e miúdas que eu
ensinava e me ajudavam no trabalho.
O marido
enquanto estava na Guiné veio passar as férias a casa, as saudades eram muitas,
mas era só um mês que passou depressa, ele foi-se embora e eu descobri depois
que estava gravida, fiquei feliz, a criança iria nascer quando o pai
regressa-se com o tempo cumprido.
Mas não foi
assim precisamente, quando tinha quatro meses de gravidez fui fazer uma
consulta com o médico que me estava a acompanhar, disse estar tudo bem, mas
nessa noite quando acordei estava a perder muito sangue, levaram-me ao
hospital, era princípio de aborto.
Fiquei
internada, a criança tinha-se deslocado mas estava viva, fiquei até ao oitavo
mês no hospital para segurar a criança, o correio do pai passou a ir directo ao
hospital.
Cheguei ao
oitavo mês, e estava a soro dia e noite, num dia como todos os vividos dentro
de um hospital, chegou o correio, vinha um telegrama, li e dizia que, meu
marido embarcava de regresso nesse próprio dia, chegaria dai a seis dias.
Foi tal a
comoção que, naquele mesmo instante a criança deu um empurrão para nascer,
gritei que me acudissem, levaram-me para a sala de partos e a criança nasceu,
era uma menina, só sobe naquele momento, pois na época ainda não era possível
ver o sexo das crianças.
Nasceu
apenas com 1,150 kg com dificuldade em respirar, meteram-lhe oxigénio e não
cabiam os tubos, foi logo de ambulância para a
Maternidade Alfredo da Costa para incubadora, coisa que não havia em
Santarém.
Passados
dois dias a médica foi dar-me alta, mas disse para eu passar no gabinete dela
antes de sair, assim fiz, e era só para me dizer que teria de ir registar a
menina e depois levar a cédula para Lisboa para fazerem o funeral que a menina
tinha morrido.
Foi registada
com o nome de Solange Marina, nome que eu adorava.
Chorei
muito, depois de tanto sacrifício não tinha servido para nada, a menina nascera
e teria de fazer o funeral sem o pai a ver, e teve de ser mesmo, não havia nada
mais a fazer.
Eu não conseguia andar, tinha estado quatro
meses deitada para segurar a minha gravidez, as articulações não tinham
movimento, era dores horríveis mas tinha de ser, fui ao quartel receber o
dinheiro da minha sobrevivência, e fui para Lisboa no dia seguinte fazer o
funeral da minha filha, fui apenas eu, uma das minhas irmãs e meu pai, foi ele
que fez o contrato do funeral, eu só entrei na morgue para fazer o
reconhecimento da minha filha, depois de ter entregue a roupa para ser vestida.
Fiquei em
Lisboa de pois do funeral, faltava dois dias para o marido chegar, o Niassa
atracou no cais da Rocha do Conde de Óbidos, esperei o desembarque, quando o
marido chegou junto da família, lá estava eu para o receber sem filha, com a
alegria de um lado do coração, e a tristeza do outro lado por ter passado por
tudo o que passei sem ele a meu lado.
O tempo
passou, e um ano e meio depois em 1972 nasceu a minha filha Susana Marina na
graça de Deus sem problema algum.
Em 1977 nasceu o meu filho, o Dário Luís, dois
filhos muito desejados e criados com muito amor, a quem fiz o possível por dar
tudo o que estava ao meu alcance, para além do carinho e amor.
Continuei
desde 1968 a 1980 a trabalhar em casa, tendo feito entretanto um curso de corte
costura e bordados, com o fim de progredir no meu trabalho, e um curso de
cabeleireira que sempre fiz em segunda opção, para a família e algumas senhoras
da aldeia que nunca deixei de atender.
Em 1981 fui
trabalhar de ajudante de cozinheira com o fim de ter um ordenado fixo ao fim do
mês e porque também já estava cansada das costuras.
De 1982 a
1999 trabalhei como empresária comercial por conta própria, com um comercio de
café e mercearia a retalho numa pequena aldeia com menos de trezentos habitantes
onde vivia.
Passaram vinte
anos e, cansei-me desse comercio, estava estagnado completamente, asfixiado
pelas grandes superfícies, sem a possibilidade de fazer mudanças ou alterações
num renovar para outra direcção parei completamente e direccionei-me para a Actividade de cabeleireira, mesmo com alguns dissabores, perdas e maus
investimentos, sobrevivi a tudo, e hoje estou feliz na mesma actividade, vivendo
do meu trabalho e no lugar certo!!!
A MINHA FOTOGRAFIA
Eu Lídia Frade
Gosto de ser Lídia Frade, nome profissional, nome de
suposta escritora, nome que mais prazer me dá assinar, e por isso mesmo porque
sou uma mulher de prazeres saboreados, de prazeres procurados, ou até
inventados, mas tudo o que faço na vida tem que ser por prazer de fazer.
Profissionalmente, adoro o meu trabalho, sou cabeleireira
de homens por opção, porque é menos cansativo do que trabalhar com mulheres,
ainda porque sempre gostei de ser diferente, e sendo que as mulheres estão há
relativamente poucos anos nos cabeleireiros de homens, eu sempre desejei ser
uma das pioneiras. Além da minha profissão, gosto de viajar, de fazer
fotografia, de pintar e escrever.
AS MINHAS VIRTUDES
Sou amiga dos meus amigos ou família sem olhar a
sacrifícios, humanamente solidária, tanto quanto a vida me permite, ou a
credibilidade das causas. Lutadora por tudo o que quero alcançar, sem olhar a
sacrifícios, se poder ser virtude, sou um pouco insatisfeita comigo, querendo
ir sempre mais além, etapa após etapa.
OS MEUS DEFEITOS
Sou teimosa, um pouco precipitada, talvez possa ser um
defeito a insatisfação, mas resume-se a querer ser mais eu, sem prejuízo para
terceiros.
O QUE GOSTARIA DE TER FEITO NÃO TENDO OPORTUNIDADE
Gostava de ter feito outra escolaridade há mais anos
atrás, sem que no entanto isso tivesse interferido no meu percurso de vida,
sempre fiz o que estaria ao meu alcance para evoluir no meu caminhar de
aprendizagem, e tudo no tempo certo, cursos de formação feminina, cursos de
corte costura e bordados, cursos de estética, cursos de cabeleireira, e agora
pintura, e Requalificação escolar em curso.
Gostaria de ter ido para os Estados Unidos mais cedo, pois
quando tive oportunidade de ir para lá trabalhar, recusei por ser um tempo em
que os netos já começavam a chegar, e embora não seja uma avó muito presente,
sou o suficiente para acompanhar o seu crescimento, gostaria de ter o meu
próprio espaço e voltar a trabalhar por conta própria mais sedo, mas tudo tem
um tempo na vida, e esse dia também chegou.
O QUE EU SOU
Uma mulher a 100%
que gosta dos prazeres da vida, uma lutadora no sentido prático, uma mulher com
filhos e netos que adora, mas que gosta de namorar, e a quem ninguém se atreva
a impor ou traçar os seus próprios caminhos. Que pode dar ou fazer tudo de
livre vontade, mas a quem ninguém pense pisar.
SOU TODA EU Lídia Frade
O NOSSO TEJO ANTES DO INVERNO DESTE ANO!!!
INTRODUÇÃO
Irei falar um pouco sobre a sua história e geografia,
população, roteiros, candidatura a património mundial, e outras informações.
A importância e
notabilidade que Santarém sempre assumiu através de muitos séculos, fez desta
cidade uma das mais importantes de
Portugal.
E á qual estiveram sempre ligadas intimamente, muitos dos
maiores vultos da nossa história, assim como do nosso País.
Tem um elevado e relevante numero de monumental
património, testemunhando grande opulência artística e cultural,(sui generis) á
escala nacional.
Lídia Frade
v Dezasseis
conventos e mosteiros,
v Cerca
de trinta albergarias e hospitais,
v Mais
de quarenta ermidas,
v Paços
realengos como os de Alcáçova e do Terreiro da Piedade,
v Palácios
e solares da melhor nobreza do reino.
Este desenvolvimento e interligação resultou em
diversas conjunturas políticas,
económicas, sociais e culturais derivando assim em grande opulência artística,
e desta o estilo gótico monumentos construídos nos séculos XIII e XIV em
Santarém, concedendo-lhe o epíteto de “ Capital do Gótico”.
Aconteceram ainda ao longo dos séculos algumas
delapidações que sacrificaram e destruíram uma boa parte do património
medieval, chegados os séculos IX e XX Santarém ainda mantêm alguma herança
monumental desse período, que são exemplos:
v Igreja
S. João de Alporão (séc. XIII)
v Igreja
da Graça(séc. XIV)
v Igreja
de Marvila ( reconstrução Manuelina)
v Igreja
do Convento de Santa Clara(1260)
v Convento
de S. Francisco(1242)
v Igreja
San. Cruz da Ribeira ( séc. XIV)
v Fonte
das Figueiras (séc. XIII)
v Recinto
Fortificação de Alcáçova Portas de S.
Tiago e do Sol, etc.
Santarém tem sido objecto de grande interesse por
parte da Câmara Municipal em diversas acções pela conservação de património,
principalmente no projecto iniciado em 1992 na área do centro histórico, assim
como a Candidatura de Santarém a Património Mundial.
Recentemente através de trabalhos arqueológicos
realizados pelo IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico e
Arqueológico) foi descoberto um Templo Romano nos trabalhos de restauro da
alcáçova de Santarém, com 15 m de lado que se presume datar do Séc. I AC.
MONUMENTOS A VISITAR EM SANTARÉM
v Portas
do Sol
v Igreja
de Marvila
v Igreja
de Santa Clara
v Igreja
do Milagre
v Capela
de Nossa Senhora do Monte
v Igreja
da Misericórdia
v Igreja
de Jesus Cristo
v Convento
de S. Francisco
v Igreja
da Graça
v Igreja
do Seminário
v Fonte
das Figueiras
v Igreja
de Santa Cruz
v Igreja
de Santa Iria
v Castelo
de Alcanede
v Convento
de Almoster
v Igreja
de São João de Alporão
ENTRE LENDAS E A
HISTÓRIA
A capacidade defensiva, e os acessos fáceis ao rio Tejo e
seus campos férteis, cedo tornaram Santarém num local privilegiado para afixação humana, quer no planalto ou nas
zonas ribeirinhas.
A presença dos romanos é relatada por diversos autores,
chamando-lhe scallabis tendo sido no séc. I importante base militar para defesa
e colonização do território.
A cidade sofreu no séc. III grande crise no império romano,
tendo sido em CCCCLX dada aos visigodes.
Foi no séc. VI sobre esse domínio que se deram os
acontecimentos lendários sobre SANTA IRIA . Posteriormente recebendo a
designação de SANCTA IRENA na época muçulmana ainda o nome de CHANTIREIN ou
CHANTARIM, tornando-se na actual SANTARÈM.
A ocupação muçulmana deu-se no séc. VIII, segundo-se a
definitiva ocupação cristã em MCXLVII durante toda a idade média, a vila foi
palco de diversos acontecimentos que marcaram a nossa história, sendo um
relatado pelos historiadores, a morte do infante D. Afonso, filho de D João II,
num acidente de cavalo nas margens do Tejo, sendo uma razão de afastamento da
corte da vila de Santarém e o seu declinou na importância do reino.
Foi em Dezembro e 1868 que foi elevada a cidade.
SANTARÉM CONCELHO
v Área.................................559
km2
v Densidade
Populacional.............112 P/km2
v N
º Freguesias..................................28
v Concelho
---------62.621 habitantes
v Santarém-----------26.357
habitantes
v E
Freguesias Urbanas
LENDA DE SANTA IRIA
Nascida de uma família de Nabância (região de Tomar) Iria
recebeu educação num convento de freiras beneditinas chefiado polo seu tio, o
abade Sélio, e no qual viria a professar. Era bela e inteligente despertando o
interesse dos jovens fidalgos que disputavam a sua atenção, entre eles
Britaldo, príncipe que alimentava por Iria uma paixão doentia.
Perdido de amores estava também Remígeo, director
espiritual de Iria que tomando conhecimento dos amores de Britaldo, e consumido
de ciúmes fez Iria tomar uma tisana embruxada que fez surgir no corpo da
donzela sinais de gravidez.
Expulsa do convento foi refugiar-se na beira do rio a
chorar e ali foi assassinada por um criado de Britaldo, o seu corpo de mártir
foi atirado ao rio, vindo a ser encontrado e dado sepultura nas areias sob as
claras águas do Tejo hoje Ribeira de Santarém onde é festejada como padroeira e
onde se recomenda uma visita á Igreja de Santa Iria.
HISTÓRIA DO SANTISSIMO MILAGRE DE SANTAR
Corria o ano de 1247 ou 1266 segundo os escritos de alguns
cronista da época.
Na então vila vivia uma pobre mulher a quem o marido
tratava muito mal por andar enfeitiçado com uma amante.
Em tal desespero foi pedir ajuda a uma bruxa judia, para
que com os seus feitiços a livrasse de tremenda e desgraçada vida.
Prometeu-lhe esta remédio eficaz e para o qual precisava
de uma hóstia consagrada, a mulher ficou amedrontada com tal ideia mas diante
da situação que estava a viver foi resolver a situação pedida.
Foi confessar-se na Igreja do Santo Estevão, pediu a
comunhão, e ao comungar discretamente retirou a partícula da boca envolveu-a
numa ponta do véu e foi leva-la á dita feiticeira.
Quando caminhava sem que ela o notasse começou a escorrer
sangue do véu em abundância, foi assim abordada por algumas pessoas que lhe
perguntavam que ferimento tinha ela que tanto sangue deitava, assustada a
mulher correu para casa, meteu o véu com a partícula dentro de uma arca.
Passou o dia, já tarde voltou o homem para casa,
deitaram-se, e altas horas da noite foram acordados pelos raios brilhantes de
uma luz encândescente que sairia de dentro da arca, inteirando-se o homem do
grande pecado que a mulher tinha cometido passaram a noite de joelhos em frente
da arca, e da luz divina em adoração, pela manhã foi dado conhecimento ao
pároco de tamanho milagre, que mal se foi espalhando e foi acorrendo meia
Santarém par contemplar o milagre.
A sagrada partícula foi levada para a Igreja de Santo
Estevão, conservada numa espécie de custódia feita de cera, e dentro do
sacrário para adoração aos fiéis.
Um dia ao abrir o sacrário verificou-se que a cera que protegia a hóstia estava
desfeita e partida, no lugar dela havia como uma capsula, a partícula estava
envolvida por uma âmbula de cristal miraculosamente aparecida.
Esta pequena âmbula foi colocada numa custódia de prata
dourada, onde ainda hoje se encontra.
Santo Estevão é hoje a Igreja do Santíssimo Milagre.
(Com a aprovação da Autoridade Eclesiástica)
FOTOS DE LÍDIA FRADE
Sem comentários:
Enviar um comentário