CAPA DA ANTOLOGIADE COM 40 AUTORES E TRABALHOS DE TODOS OS GÉNEROS DE ESCRITA
de LÍDIA FRADE - TRÊS LIVROS PUBLICADOS, PARTICIPAÇÃO EM CINCO ANTOLOGIAS DE POESIA E EM VÁRIAS OUTRAS EDIÇÕES * NASCEU ESTE ESPAÇO EM 11-02-2008 *
domingo, 28 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
O MAR E EU
O MAR E EU
Grandioso é teu poder e querer.
Beijando a rocha tão firme
Como na vida tão firme
Uma rocha, eu queria ser.
Recolhes ó mar, em teu abraço,
E recuas no teu suave beijar,
Calmamente, levas contigo o desejo
E é mais forte, o teu beijar.
Mar calmo, maré vazia,
Água límpida transparente
Tão suave como mão que acaricia.
Onda leve tão envolvente
Como saliva tocando um corpo
Em desejo escaldante, de areia quente.
POEMA E PINTURA DE LÍDIA FRADE
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
MEUS CONTOS DESCONTADOS, A TARTARUGA
A TARTARUGA
Já quase a amanhecer, a noite já tinha passado, o corpo já descansado, contudo, parece que no subconsciente, ainda do outro lado da passagem para o acordar, algo já estava a trabalhar, como um alerta que se escreve no caderno de notas, aquele era um alerta mostrado num sonho.
Um rio, com água límpida transparente, que corria cobrindo um leito com pedras e seixos, e de tão transparente se via, do esverdeado ao castanho dourado, das pedras e seixos cobertas por algas, com uma fauna e flora longe, de qualquer poluição.
A nadar no meio deste rio, no paraíso do meu sonho, andava eu! Mas pouco avançava, a água no rio corria, a uma velocidade que eu via, mas eu não ia na corrente, mais me sentia flutuar, do que nadar, contudo eu queria chegar até à margem, e não avançava, mas isso não me estava a preocupar, até que algo apareceu.
E neste descanso flutuante, olhando o fundo do rio, eis que de repente vejo passar a meu lado um bichinho, uma tartaruga pequena a meu lado, parecia quase insignificante!
E aquele pequeno bicho minúsculo comparando ao meu tamanho, ali ao pé de mim passava por mim a nadar, encaminhava-se para a margem, e conseguia-o mais rápido do que eu, ia conseguir chegar primeiro.
E aquele pequeno bicho minúsculo comparando ao meu tamanho, ali ao pé de mim passava por mim a nadar, encaminhava-se para a margem, e conseguia-o mais rápido do que eu, ia conseguir chegar primeiro.
Achei que não podia ser, eu tinha de conseguir, pelo menos acompanhar aquela tartaruga! Eu, mais lenta que uma tartaruga!!! Como é que podia ser?
Esforcei-me, debati-me com a água, cansei-me enormemente, a tartaruga parecia lançar-me um desafio, ou pelo menos, eu assim o entendi, mas consegui acompanhar a tartaruga, e consegui chegar até á margem, no mesmo tempo que a tartaruga.
Acabou por ali, a minha aventura na madrugada, ao lado daquela tartaruga minúscula que, me desafiava numa corrida, ou a intenção seria outra?!
Acordei e recordei, a água do rio que corria cristalina, as lindas corres do leito do rio e, principalmente a tartaruga, que me fez parar e pensar.
É certo que um sonho!… É sempre um sonho!… mas poderemos transporta-lo para a realidade, tentar concretiza-lo, ou poderemos ainda interpreta-lo, ou relaciona-lo, com algo real ou já existente, da nossa vida.
Foi o que eu pensei ao acordar… Transportei a tartaruga, para a minha realidade acordada, e reconheci que… estou a caminhar a passos de tartaruga, tenho de me esforçar mais… já não consigo acompanhar uma lebre, é certo!
Mas passos de tartaruga é pouco para mim!!!
Lídia Frade
Foi o que eu pensei ao acordar… Transportei a tartaruga, para a minha realidade acordada, e reconheci que… estou a caminhar a passos de tartaruga, tenho de me esforçar mais… já não consigo acompanhar uma lebre, é certo!
Mas passos de tartaruga é pouco para mim!!!
Lídia Frade
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
A AMANTE NA OLIVEIRA
19º CAPITULO
A AMANTE NA OLIVEIRA
Como já todas as pessoas sabiam, Deodato mantinha uma amante desde há vários anos, que vivia perto de Santarém. Talvez por se terem zangado, pois dizia-se que era frequente ele bater-lhe e até cortar-lhe o cabelo nas brigas, certo é que ela resolveu ir procurá-lo na Ponte do Celeiro.
Era Inverno, veio de noite, num táxi, havia clientes na taberna e, na frente da porta da taberna, havia uma oliveira. Ela subiu para cima da oliveira, sítio de onde poderia vê-lo ao balcão, com os clientes, esperando assim um momento para lhe enviar o recado de que estava ali.
Vendo um cliente chegar ou sair, chamou lá do pé da oliveira onde estava empoleirada, para que lhe levassem o recado, tinha de falar com ele. Acabaria por falar mas ele mandou-a de volta para Santarém.
Parece que um cliente por ali, com transporte, fez a gentileza de a levar de novo para Santarém, e Deodato não estaria preocupado de modo algum como ela lá chegaria, estando a dez quilómetros de distância.
Mas foi por estes acontecimentos e outros mais que, Julieta, ali e naquela época, tentou por vários meios por termo à vida. As filhas estavam com a avó Joaquina em casa e pouco sabiam, só quando ele a levava para o hospital, no outro dia, é que elas ficavam a saber.
Como uma vez, em que ele não aparecia, e a deixara ali sozinha na taberna, de noite, sem vizinhos, ou na beira da estrada. Uma primeira vez bebeu petróleo, em desespero de causa, e foi ele mesmo que a enviou para o hospital quando arriba já de manhã e a encontra desmaiada.
Numa segunda, já tentou com algo mais forte, bebeu ácido, e de novo, pelo menos ele, chegou a tempo de chamar a ambulância, e lá foi mais uma lavagem ao estômago que a conseguiu safar.
Mais algum tempo, e foi por outro meio: a avó Joaquina já estava a viver com as netas numa casa comprada por Deodato, no Cabeço de Almodelim. A fazenda do avô Zé, também continuava lá, até, mas aí só faziam a horta, que era preciso regar.
Ele, Deodato, queria ir para Santarém, tinham discutido, e Julieta disse que ia regar a horta, foi lá para baixo, para a fazenda, e foi de facto regar, mas mais uma vez achou que não queria viver assim. Nem as filhas a animavam. Quando acabou de regar, meteu-se dentro de casa, na cozinha da avó Joaquina, fechou a porta por dentro, subiu a uma escada de madeira, atou dois baraços um ao outro – ‘era só o que por lá havia’ - atou no barrote, atou no pescoço, e tirou os pés do apoio.
Dalila veio de casa ter com a mãe à taberna para buscar uma quarta de água, e quando chegou lá perguntou ao pai por ela, que lhe disse ‘vai lá a baixo à fazenda procurá-la, disse que ia regar, nunca mais veio’.
Dalila correu estrada abaixo, chegou lá, chamou, voltou a chamar aflita pela mãe, mas nada, não respondia, a horta estava regada, mas dela não sabia, as portas estavam fechadas.
Mas Dalila já esperava tudo, já estava preparada para tudo nos seus doze anos, já era muito madura, conseguiu abrir uma janela da casa da avó, saltou pela janela para dentro, quando chegou à cozinha, lá estava ela, caída no chão, a boca cheia de espuma branca, o baraço não aguentou, partiu-se, e ela caiu.
Dalila pensou que a mãe estava morta, saiu dali a gritar, gritou sem parar, correu estrada acima, sempre a gritar chegou à taberna, a gritar chamou todos os nomes que achou por bem chamar ao pai, gritou-lhe que ela estava morta por causa dele, continuou a gritar pela estrada do Cabeço, ia dizer à avó, às irmãs.
Pelo caminho ao ouvi-la chorar e gritar apareceu um vizinho, o Artur, a perguntar-lhe o que tinha, mas Dalila não lhe disse, só gritava, o Artur seguiu-a e até a Sebastiana, vizinha também, brigou com ele a perguntar ‘ó Artur, o que estás a fazer à rapariga?’ pensando que era ele que lhe estava a fazer algum mal, mas não, ela só corria e gritava.
As vizinhas seguiram todas para tentar descobrir porque gritava, até que todos souberam, a avó soube, foram todos até à fazenda, mas Dalila não foi, não podia ver o pai, quando lá chegaram já Deodato tinha mandado alguém chamar a ambulância, e mais uma vez Julieta foi para o hospital.
Julieta ainda desta se livrou, mas teria de passar por muitas mais. Neste dia os baraços não aguentaram o peso do corpo e partiram, esteve desmaiada, mas tudo passou, e aguentou. Pelo menos para viver ainda mais meio século.
CONTINUA NO PROXIMO CAPITULO
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
GOLEGÃ E SEU AMBIENTE DA FEIRA DO CAVALO
ALGUNS APETRECHOS QUE FAZEM PARTE DOS ARREIOS E MONTAGENS
SELIM OU SELA? PARA CRIANÇAS E SUA MONTAGEM NOS CAVALOS
AS GUIZEIRAS PARA ENFEITAR OS ANIMAIS, FAZEM PARTE DOS ADORNOS DOS ARREIOS
NOVEMBRO
FOTOS LÍDIA FRADE
NOVEMBRO
Nos ditados populares
Reside a sabedoria
Dos tempos e contratempos
Dos meses, anos e dias
E tudo tem o seu tempo,
Seu nome, crença e magia
Estava eu um destes dias
Numa doce sombra sentada
Dando aos ditados razão
Era novembro, quem diria?
Tanto sol, no avançar do dia
Acolhedor e soalheiro
E na sombra daquela arvore
Eu pensei com os meus botões
Que os ditados populares
Revelam as suas razões.
Entre castanhas e vinho
Diz o povo com razão
Á terra lança o teu pão
Que é verão de S. Martinho.
POEMA DE LÍDIA FRADE
FOTOS LÍDIA FRADE
GOLEGÃ E SEU AMBIENTE DA FEIRA DO CAVALO
GOLEGÃ E SEU AMBIENTE DA FEIRA DO CAVALO
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
CARNAVAL NA INFÂNCIA
18º CAPITULO
CARNAVAL NA INFÂNCIA
Quando chegava o Carnaval, Dalila e Amália iam sempre para a Atalaia passar esses dias pois na Ponte do Celeiro não havia bailes, nem festas de Carnaval.
Assim, normalmente vinha o primo Alberto buscá-las na carroça, ele era um pouco mais velho mas era já muito exímio na condução do macho e da carroça. Depois, juntavam-se à prima Clarisse, e aos tios. Gostavam muito que elas fossem para lá, os primos eram quase todos da mesma idade.
O Carnaval de Atalaia era sempre rijo, bailes nos três dias, cegadas, e mascarados, os macholhos - que eram alguns homens, movimentando-se como simbolizando um grande animal, tapados com panos de serapilheira.
Esse macholho era organizado para se fazer as críticas sociais da terra, aproveitando assim o Carnaval! Alguém habilidoso escrevia os textos, normalmente em verso, outros eram apenas buchas metidas a gosto do que fazia de mestre, e que o dito ia apontando com a cabeça, ou apontando as vítimas, indo na sua direcção.
Já o ‘enterro do bacalhau’ que normalmente era feito por um grande grupo da Póvoa da Isenta e que por sua vez se deslocavam de terra em terra, era também de críticas sociais mas em grandes textos teatralizados, por mais de uma hora, e onde teria sempre de existir um Réu e um Juiz.
Deslocavam-se sempre para essas suas apresentações transportados por um tractor ou até numa camioneta, que lhes servia depois de palco para a sua representação, paravam no largo maior de cada terra, e assim se ajuntava todo o publico disponível para ver o seu trabalho.
Julieta fazia sempre um traje de Carnaval para as filhas - seria sempre o mesmo enquanto servisse - e normalmente era sempre de saia vermelha de flanela, bordada com lã. A de Dalila tinha até numa das vezes flores bordadas e barra preta, e a de Amália umas flores coloridas, e envergavam ainda blusa florida, lenço na cabeça e chapéu por cima, e aí ficavam elas todas vaidosas com as suas roupas de Carnaval.
Num desses Carnavais Deodato levou as coisas necessárias para uma adega da família, para poder assim fazer mais algum negócio nas noites de Carnaval, dado que ficava também perto da casa do baile.
Perto das quatro da manhã, quando voltaram para casa, na Ponte do Celeiro, ao chegarem à taberna que era do Deodato – pois era até lá que eles por vezes ficavam, tinham lá um quarto no sótão – constataram que tinham arrombado a porta, roubaram o que lhes dava jeito, e como decerto os ladrões sabiam onde eles estavam, banquetearam-se com todo o tempo, e à sua maneira.
Como era Carnaval Julieta tinha matado uma galinha, fê-la corada para o jantar, mas comeram pouco, estava a galinha quase inteira, e então os ladrões comeram a galinha e o acompanhamento, deixaram lá só os ossos e restos em cima da mesa.
CONTINUA NO PROXIMO CAPITULO
CARNAVAL NA INFÂNCIA
Quando chegava o Carnaval, Dalila e Amália iam sempre para a Atalaia passar esses dias pois na Ponte do Celeiro não havia bailes, nem festas de Carnaval.
Assim, normalmente vinha o primo Alberto buscá-las na carroça, ele era um pouco mais velho mas era já muito exímio na condução do macho e da carroça. Depois, juntavam-se à prima Clarisse, e aos tios. Gostavam muito que elas fossem para lá, os primos eram quase todos da mesma idade.
O Carnaval de Atalaia era sempre rijo, bailes nos três dias, cegadas, e mascarados, os macholhos - que eram alguns homens, movimentando-se como simbolizando um grande animal, tapados com panos de serapilheira.
Esse macholho era organizado para se fazer as críticas sociais da terra, aproveitando assim o Carnaval! Alguém habilidoso escrevia os textos, normalmente em verso, outros eram apenas buchas metidas a gosto do que fazia de mestre, e que o dito ia apontando com a cabeça, ou apontando as vítimas, indo na sua direcção.
Já o ‘enterro do bacalhau’ que normalmente era feito por um grande grupo da Póvoa da Isenta e que por sua vez se deslocavam de terra em terra, era também de críticas sociais mas em grandes textos teatralizados, por mais de uma hora, e onde teria sempre de existir um Réu e um Juiz.
Deslocavam-se sempre para essas suas apresentações transportados por um tractor ou até numa camioneta, que lhes servia depois de palco para a sua representação, paravam no largo maior de cada terra, e assim se ajuntava todo o publico disponível para ver o seu trabalho.
Julieta fazia sempre um traje de Carnaval para as filhas - seria sempre o mesmo enquanto servisse - e normalmente era sempre de saia vermelha de flanela, bordada com lã. A de Dalila tinha até numa das vezes flores bordadas e barra preta, e a de Amália umas flores coloridas, e envergavam ainda blusa florida, lenço na cabeça e chapéu por cima, e aí ficavam elas todas vaidosas com as suas roupas de Carnaval.
Num desses Carnavais Deodato levou as coisas necessárias para uma adega da família, para poder assim fazer mais algum negócio nas noites de Carnaval, dado que ficava também perto da casa do baile.
Perto das quatro da manhã, quando voltaram para casa, na Ponte do Celeiro, ao chegarem à taberna que era do Deodato – pois era até lá que eles por vezes ficavam, tinham lá um quarto no sótão – constataram que tinham arrombado a porta, roubaram o que lhes dava jeito, e como decerto os ladrões sabiam onde eles estavam, banquetearam-se com todo o tempo, e à sua maneira.
Como era Carnaval Julieta tinha matado uma galinha, fê-la corada para o jantar, mas comeram pouco, estava a galinha quase inteira, e então os ladrões comeram a galinha e o acompanhamento, deixaram lá só os ossos e restos em cima da mesa.
CONTINUA NO PROXIMO CAPITULO
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
POEMAS DESCRITIVOS DO LOCAL DA FAZENDA ONDE VEIO A LUZ AO MUNDO
RECORDAÇÕES
Recordo os pássaros
Chilreando nos salgueiros
E o vibrante cantar das rãs
Na corrente lenta dos regueiros.
Chapinhar descalça, livremente
Na água límpida da rega
Que corria docemente.
RECORDO…
A música suave, tocada pela brisa
Na folha das caneiras
E de brincar às casinhas
Sob a grande copa das nespereiras
RECORDO…
Quando subia a cada arvore
Ofegante de ansiedade
Escalando o ramo mais alto
Sentir total liberdade.
Apanhar a fruta fresca
Que mais me fosse de agrado
Comê-la ali, reluzente e sumarenta
Que prazer… só hoje valorizado.
Poema do Livro "UMA PEDRA NO CHARCO Refugio" de Lidia Frade
PELO MEU OLHAR
Penetro o meu olhar
Na noite branca
Ou em camadas suspensas
De atmosferas nebulosas
Banhadas de luar
Presente em meu olhar
Uma casinha branquinha,
Baixinha
Entre montes abrigada
Entre nascentes, cantada.
Imagens filmadas
Lembranças guardadas
Rebuscadas
Pelo meu olhar,
E pela minha capacidade
De sonhar.
Acordo… abrindo os olhos
Ao dia que nasce,
Enquanto assim vai
Nascendo o sol,
Que na minha janela
Já sorri para mim!
E vejo o invisível
Através da distância,
A minha casinha
Branquinha, baixinha,
Entre montes abrigada
Entre nascentes, cantada
Recatada, encantada
E guardada,
Pela minha capacidade
De sonhar.
Poema do Livro "A FAZENDA ONDE VEIO A LUZ AO MUNDO" de Lídia Frade
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