FESTIVAL DO MAGUSTO
Numa destas noites chuvosas fui até ao Ribatejo por motivos familiares, como estava a decorrer o dito Festival do Magusto, fui com meu companheiro jantar a Santarém, já tinha saudades de um bom magusto.
Fomos até a um restaurante que sabia estar no roteiro do magusto, chegados lá confesso que fiquei com dúvidas se estava ou não aberto naquela terça-feira, de fora pouca iluminação, quase passaria despercebido se não fosse a sua dimensão.
Sei que a contenção nas despesas será a melhor opção para suportar a crise, mas uma boa iluminação na entrada ficaria muito bem.
Fomos atenciosamente atendidos, e até bem servidos, mas fiquei ainda com mais saudades do magusto feito pela minha avó, ou a minha mãe, tinha esse magusto um sabor especial.
Brevemente vou apanhar umas folhas de couve no quintal da avó Jú e fazer eu um magusto para comer com petingas fritas.
Falta dizer que fiz lá umas fotos engraçadas, fotografei o geribalde com que se deve amassar o magusto, depois pensei… deve ser do geribalde,… que também já não é igual ao da casa da avó Jú, tinha o cabo mais em ângulo recto ou obtuso, e amassava muito melhor.
Ainda outra dúvida fica no ar quanto ao magusto?
Nas toalhas de papel que estavam na mesa com publicidade, lia-se MAGUSTO que acredito tenha sido feito por quem não tem dúvidas sobre as palavras que escreve, no cartaz do cardápio, estava escrito Mangusto, seria melhor seguir quem faz das palavras o seu trabalho.
Desculpem o atrevimento, depois direi como saiu o meu magusto.
Lídia Frade
SANTARÉM SABERES E SABORES!!!
O prometido é devido, e eu faço o possível por fazer o que prometo.
Prometi pois escrever mais alguma coisa sobre o magusto, quando tivesse experimentado de novo o seu sabor, e aqui estou a fazê-lo.
Fui ao quintal da avó Jú, apanhei das couves altas, umas folhas bem tenrinhas, que logo que me foi possível, e oportuno, cozinhei para fazer o meu magusto.
Coloquei no taxo as couves, esmurradas, torcidas à mão, como se fazia no campo, foram a cozer, com um pouco de sal e azeite, já as couves comestíveis, coloquei o pão, já partido, ou um pouco desmiolado à mão, pão de trigo, e de milho em maior quantidade, com alhos picados.
Depois de ferver o suficiente, retirei, amassei, coloquei mais azeite, e coentros picados.
Servi, e digo que, tal como da primeira vez, a apreciação foi feita a dois, e o meu magusto ficou de longe a ganhar em sabor, ao que antes tinha comido.
Mas talvez a diferença estivesse no sabor das couves galegas da avó Jú.
Só uma coisa não me satisfez, foi os coentros, no quintal da vó Jú, não havia ainda, tive de comprar no super, e não eram macios, cheirosos, saborosos, como os da avó.
Depois não levou quatro horas a cozinhar como ouvi dizer a um rapazinho, em directo numa reportagem, da televisão, a quem tinham enfiado um barrete de chefe, num dos restaurantes da capital Ribatejana.
É que com uma hora só, de almoço, para cozinhar e comer, o magusto, ninguém levava quatro horas, meia hora chegava para fazer o almoço, já com as sardinhas assadas no mesmo tempo e tudo.
SANTARÉM SABERES E SABORES
LÍDIA FRADE