Nada fazia prever que nos dias de hoje, ao passar pela minha cidade de Santarém, de repente uma caravana cigana, ainda em carroças, viesse a surgir na minha frente, consegui ter a minha digital ali à mão, e de repente consegui ainda as imagens, das duas ultimas carroças.
Também por isso mesmo vou aqui colocar, uma passagem descrita no meu livro, a publicar muito brevemente, das minhas lembranças de criança sobre as caravanas ciganas da época.
OS CIGANOS
No Outono as canas estavam boas para cortar, por essa altura aparecia sempre uma grande família de ciganos, que acampava perto da estrada, pediam para cortar canas e assim fazer os cestos.
Apanhavam, limpavam de todas as folhas e fios de folhagem, cortavam no sentido comprimento, todas hás tirinhas, depois faziam toda a espécie de cestos, com asas, sem asas, redondos, ovais, grandes ou pequenos, dependendo da habilidade, e criatividade de cada artista, mas sempre com as canas verdes para poderem moldar.
Ficavam por ali alguns dias a fazer cestos até chegar a Feira da Piedade, depois carregavam de novo tudo nas carroças, e ai iam eles em caravana, a caminho da feira, várias carroças, vários burros, e os cestos atados no cimo das carroças, faziam uma linda vista, e grande cortejo tudo caminhando, em direcção a Santarém.
Era normal só os pequenitos, ou alguém com muita dificuldade terem lugar nas carroças, a carga com todos os seus haveres que eram poucos, mas já muitos para transportar nas suas carroças, os colchões e mantas, panela e pratos, cântaro para água.
Até os cães, que caminhavam com os donos em cada etapa das suas viagens errantes, os outros iam a pé acompanhando as carroças, mas não cem antes oferecerem algumas cestas pelo agrado, à cedência das canas e, alguma coisa mais que Julieta lhes teria dado para comerem.
LÍDIA FRADE