sábado, 24 de abril de 2010

2º CAPITULO O AVÔ DIONÍSIO

2º CAPITULO




O AVÔ DIONÍSIO

O avô trazia sempre um cartucho feito de papel pardo enrolado em bico, com alguns rebuçados para lhe dar, e então Dalila corria até à estrada, para dar um beijo ao avô e ir buscar os rebuçados, para dividir entre ela e a Amália.

Numa manhã cedo a avó Gertrudes tinha vindo da Atalaia estrada abaixo, no caminho de Santarém. O avô Dionísio tinha saído no dia anterior e não voltou para casa, a avó chamou lá da estrada pela Julieta, perguntou se o tinham visto, mas a resposta foi negativa.

E pouco depois chegou a notícia terrível, o avô Dionísio tinha aparecido morto, caído com a bicicleta na ribanceira, toda a aflição da família irrompe, tudo a correr para o local, mas a avó Joaquina não foi.

Primeiro tinha de tomar conta das netas, depois, só foi após fazer uma roupa de luto para Dalila, ela era a mais velha, parecia mal não lhe vestir uma roupa escura.
Como não tinha mais nada, foi fazer um vestido cinzento de riscado, do que utilizava para fazer os forros das calças, ou dos coletes, aos seus clientes, coitadinha de Dalila, enfiada num vestido pardo e feio.

Foi assim o seu primeiro luto, um vestido que ela lembra, feio e pardo, com quatro buracos, um para a cabeça, dois para os braços e o ultimo de onde saiam as suas pequenitas pernas, e tudo isto porque parecia mal não vestir luto, um significado que ela ainda não conhecia.
A seguir foi mandada com a irmã Amália, para casa do tio Isidro, para as primas tomarem conta delas, enquanto duraram os preparativos do funeral, do velório e enterro.

Após isso, Dalila só tinha falado do assunto quando ia a Santarém com a mãe, na camioneta, ela disse-lhe onde tinha acontecido e que nunca ninguém sabia porque tinha acontecido, talvez lhe tivesse dado alguma coisa de repente, ou talvez fosse da sua falta de vista, que era já em grande grau.

O avô Dionísio usava óculos muito grossos, ficava tudo por aí, aconteceu simplesmente, e ficaram só as lembranças de criança desse acontecimento.
Foi também por essa época que Dalila foi baptizada. Os seus padrinhos foram os seus tios, um irmão mais velho de seu pai, até lhe tinham colocado o nome da madrinha, quando nasceu.

O baptizado foi no Convento de Santa Maria de Almoster, a madrinha ofereceu-lhe um lindíssimo vestido branco, cheio de folhinhos, com grande laço atado atrás, na cintura, soquetes brancos, sapatos de verniz, estava linda, Dalila no dia do seu baptizado parecia uma bonequinha, e já muito vaidosa.

CONTINUA NO PROXIMO CAPITULO

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