quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O HOMEM DA PERNA DE PAU


CONTO




O HOMEM DA PERNA DE PAU



Quando eu era criança, a minha avó Joaquina, era a única pessoa que me contava histórias, umas graciosas e poeticamente lindas, outras porem um pouco duras ou macabras.

Depois tinha também o hábito de, meter-nos medo com o Policia, se ia-mos há cidade, com o G N R, única segurança que aparecia pela província, de quando em vez, só para verificarem se andava tudo em ordem, e que saiam sempre a pé, em patrulha, ao longo de muitos quilómetros.

Havia ainda o bicho papão, que levava e comia as meninas, e que elas nunca mais viam a mãe ou a avó, depois ainda tinham as mouras que estavam dentro de uma mina, ou uma gruta, e quando as meninas lá iam espreitar, puxavam-nas lá para dentro do dito buraco, e pronto lá ficavam para sempre, sem verem mais as famílias, até que lá morriam.

E já agora, vou falar de um personagem, para mim estranho, e até repugnante, que existia mesmo, e que eu via também algumas vezes, e que tinha um medo horrendo, trazia sempre um chapéu feio na cabeça, umas roupas andrajosas, e no seu andar cambaleante, batia com o pau da sua perna sem pé no chão, onde a chamada ferragem ou ferro que protegia o pau, ao bater fazia um barulho estranho, era “o homem da perna de pau a andar” a avó Joaquina dizia que tinha perdido a perna, na Segunda Guerra Mundial.

Como eu tinha medo dele, volta que vira, era a minha ameaça, que se eu não me portasse bem, o dito homem vinha-me roubar e me levava. Com o passar dos anos eu perdi o medo, e também o homem desapareceu, deixei de o ver, devia ter morrido.

Agora há duas noites atrás, o “homem da perna de pau” voltou, é verdade voltou de novo!

Pode ter passado mais de meio século, mas ele existia cá dentro, no meu subconsciente, e na madrugada, tendo já descansado o corpo, do cansaço do dia anterior, vi a minha pessoa, ou o meu corpo, numa grande sala de espera, talvez de uma estação de comboios, ou teria talvez a mesma configuração, desses espaços que conheço.

Eu, estava sentada num banco corrido, mas levantei-me para seguir para algum lado, de repente senti-me preza, alguém me agarrou, não me deixava sair dali, debati-me com muita força, gritei aflita sem conseguir libertar-me, nessa luta, já tinha então reconhecido, quem me prendia!

Acordei, porque alguém me acordou, mesmo a dormir estava a manifestar a minha agitação, a minha aflição, estava a falar para o outro mundo!

ERA O HOMEM DA PERNA DE PAU! O mesmo de quando eu era menina e pequenina.



LÍDIA FRADE



4 comentários:

Maria Rodrigues disse...

Memórias de outros tempos que por vezes vêm ter connosco ao presente.
Bom domingo
Beijinhos
Maria

Lídia disse...

É VERDADE MARIA!!!
CREIO QUE NO SUBCONSCIENTE, ESTAVA ALGO QUE DEVERIA SER ANALISADO, OU EXPLICADO...MAS APENAS O PASSEI AOS MEUS ESCRITOS, MAIS NÃO IREI FAZER.

1 BEIJO MARIA E BOM DOMINGO!!!
LÍDIA

Paulo Oliveira disse...

Gostei! Beijinho!

Lídia disse...

AINDA BEM QUE GOSTAS-TE... MESMO SEM REVISÃO ANTECIPADA!!!
BEIJINHOS!!!