quinta-feira, 16 de setembro de 2010

COMO ULISSES


COMO ULISSES

Como Ulisses,
Sempre ausente,
Voando livre,
Sem asas de condor,…
Herói de píncaros,
De pêndulos,
Cicerone em caminhos
E serras
Amigo de cobras, lagartos,
E outros!

Em Penélope
Recalcavas suas mágoas
O teu castelo!
Era sua fortaleza,
Sua defesa…
Nas voltas, com a sua teia,
Desfiando, tecendo, entrelaçando
Cozendo e descosendo
Seu labirinto aumentando.

Sentindo seu corpo amarrado
Quase, o sente asfixiado,
Em fios e fitas,
Em laços atados, em nós
De olhos molhados,
De choros calados, e sós!

Se em teus regressos furtivos
Derrubasses ameias!
Lhe rasgasses as teias!
Lhe tocasses na mão!
E, regasses com ela as roseiras,
Que por maldade secavas!

Se em lugar de silêncios
Continuo-os,
De tempos parados!
Que faziam Penélope,
Trocar!
No silêncio da noite,
O calor de sua cama,
Pelo frio gelado,
De um chão sem afago!

Pelo rio fecundo,
De leito abundante,
Que foi seu corpo!

Pelas almas e corpos,
A que deu vida!

Pelo amor que a todos deu!
Essa Penélope esquecida!

Sem comentários: