segunda-feira, 4 de abril de 2011

O FORNO DE CAL, DO PADRINHO AMADEU


ESTAS FOTOS, O QUE RESTA DO FORNO DE CAL, DO PADRINHO AMADEU
O FORNO DE CAL, DO PADRINHO AMADEU
Tinha eu apenas sete anos, e já vinha para a escola de Atalaia, e tinha de caminhar três km, desde a Ponte do Celeiro, onde ainda não havia escola, e que viria abrir uma provisória, só no ano seguinte, quando eu já estava na segunda classe.
Até aí, todas as crianças em idade escolar, eram distribuídas por três escolas, a das Fontainhas, onde andava a Ermelinda e a Olívia, e creio até que a Florinda da Quinta do Cordeiro, a da Povoa da Isenta, onde andava a Isabel, e todos as outras crianças, tal como eu e minhas primas, e ainda as do Cabeço de Almodolim, vinham todos para Atalaia.
Certo era que, esse caminho dos três km, não nos custava muito a percorrer, vínhamos andando e brincando, saiamos cerca de uma hora antes para fazermos esse caminho, sem relógios, sem telemóveis, sem nada que indicasse aos nossos familiares, de que tudo estava bem, e era assim que desde as oito da manhã, até pelo menos às quatro da tarde, ninguém sabia de nós nem como estávamos. Este relato serve apenas para fazer comparações, com os dias de hoje, e ainda para vos contar e mostrar, um pouco da história deste forno de cal, do qual vos mostro aqui os seus restos, fotografados á poucos dias atrás.
Fica na beira da estrada, por onde eu passava todos os dias, e lembro me do seu funcionamento, do fumo a sair de suas entranhas, um dia perguntei a minha mãe, como é que tudo aquilo funcionava, até a cal ficar em pedra branquinha, que depois o dono do forno ia vender numa carroça, de terra em terra, minha mãe explicou.
O dono do forno, ia buscar uma camioneta velha carregada de lenha, que ia queimar dentro forno para o seu aquecimento, não sei dizer bem quais eram os passos a seguir, mas sei que as pedras, vindas das pedreiras, existentes ali por toda aquela charneca, e colocadas na medida certa, numa câmara onde apanhavam todo o calor, também ele com conta e medida, para sair as pedras branquinhas, mas inteiras, depois do tempo adequado para a sua cozedura.
O padrinho Amadeu, como era conhecido na casa do meu pai, pois era mesmo seu padrinho, era o dono do forno, e a pessoa que o fazia funcionar, e vender depois o produto ali transformado. Depois, era a cal caldada com água, colocadas umas pedras dentro de um grande caldeirão, fervia e se desfazia num polme grosso, sempre bem mexida com um grande pau, para ficar bem afastada, e não saltar algum pingo com a sua fervura para quem estivesse a caldar.
Era com esta cal, que se caiava todas as casas das aldeias, deixando tudo bem branquinho, de ar limpinho, pois não havia tintas.
TEXTO DE LÍDIA FRADE

2 comentários:

Flor de Jasmim disse...

Lídia
Bonito demais este conta.
Amiga tem um miminho no meu cantinho

Lídia disse...

Um grande obrigado querida FLOR!!!
1 beijo até sempre!!!

Lídia