terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O PRIMEIRO PRETENDENTE



21º CAPITULO


O PRIMEIRO PRETENDENTE


Ao lado da loja da madrinha havia uma drogaria, do Sr. Cruz, que por sua vez também tinha um empregado, o Luís, era já um rapazote um pouco mais espigado, dos seus catorze ou quinze anos, e tal como Dalila ia entregar as encomendas na casa das senhoras.

Certo dia cruzaram-se na escada de um prédio e, sem Dalila saber como, ele tenta agarrá-la e ali mesmo disse-lhe que gostava dela, e queria namorar com ela.
Ela ficou surpreendida e cheia de medo, fugiu subindo escadas acima, era apenas uma menina de doze anos, vinda da aldeia, cheia de medo, pedia-lhe que a deixasse passar, queria ir-se embora, mas ele dizia-lhe que só a deixava passar se ela lhe deixasse dar um beijo, ela não deixava, e estava muito assustada.

O barulho dos dois na escada chamou a atenção de uma senhora que, ao abrir a porta, viu logo o que se estava ali a passar. Ralhou com ele e disse a Dalila que descesse e passasse, que ele não lhe fazia mal, e assim, coitado, o rapaz não conseguiu arranjar namorada, mas sim assustá-la.
*
Em suma, com esta estadia, a madrinha fazia também o possível para a levar a ver e conhecer algumas coisas e sítios que ela nunca tinha conhecido, pois era a primeira vez que estava na cidade.

O JARDIM ZOOLÓGICO. O CINEMA. O REGRESSO

Foram ao Jardim Zoológico, viu lá todos os inúmeros bichinhos existentes, que gostou muito de ver, mas uma outra coisa a impressionou deveras, o cemitério dos cães!

Ela nunca podia imaginar, até ali, que pudesse existir um cemitério para cães, com fotografias dos ditos cãezinhos, com campas ou lápides em pedra mármore como, ou muito melhor, do que para muitas pessoas. Dalila só conhecia o cemitério e a campa onde estava o seu avô, por acompanhar a avó nas suas visitas periódicas.

Não fez decerto muitas perguntas sobre todos os animais vivos que viu, mas sobre os cães mortos ela perguntou e quis saber tudo, e assim ficou a saber que eram das pessoas ricas, que os tratavam como filhos, e que assim lhes fizeram o funeral como se fossem pessoas de família, com direito a lápide, fotografia e tudo, o que causou a grande admiração de Dalila.

Ela não sabia que havia pessoas assim ricas, e que faziam assim tudo pelos seus cães, ela sabia que, se morresse o seu Tejo, que era o seu cão, seria aberta uma cova, lá no meio da vinha, e ali se acabava tudo, e ele era também muito lindo, mais bonito ainda do que alguns daqueles que tinham ali a fotografia.

Num outro dia, uma cliente da madrinha arranjou bilhetes para o cinema, e então foram as três, a madrinha, Alda e Dalila foram a Lisboa ao cinema, foi o primeiro filme que ela viu, a fita era de cowboys, mas era o seu primeiro filme, e isso era muito importante, ir a uma sala de cinema era importantíssimo, e o interessante é que esqueceu o filme mas, a sala do cinema, ela não esqueceu.
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Logo que foi possível, depois, o padrinho veio trazê-la à família e, quando chegou e viu a mãe e as irmãs, abraçou-as a chorar, sem conseguir conter-se. Depois ainda, eram todas as vizinhas a ficarem admiradas da diferença que ela fazia, apenas em três meses de Lisboa, até vinha de relógio no pulso, muito fina.

O pai já tinha acabado com a taberna, agora estavam todos em casa e Dalila ficou surpreendida, mas também conseguiu surpreender o pai. No almoço de Domingo a mãe fez batatas com carapaus grandes, assados na brasa, Dalila disse que ela ia fazer um molho à espanhola para temperar o peixe e as batatas, o pai ficou admirado com a saída dela, e ficou à espera do resultado.

Ele que comia sempre por fora, por andar sempre por longe, tinha mais conhecimentos dessas coisas do que Julieta, então, esperou que Dalila fizesse o molho, e ela saiu-se mesmo muito bem, preparou um belo molho para temperar o almoço, o que surpreendeu os pais.

DO LIVRO A FAZENDA ONDE VEIO A LUZ AO MUNDO

LÍDIA FRADE

CONTINUA NO PROXIMO CAPITULO

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